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Fontes renováveis, a saída contra o racionamento

por Clauber Leite*, IDEC  – 

A solução para os efeitos da atual crise hídrica no setor elétrico depende da contratação de usinas solares e eólicas. A avaliação é de ninguém menos que um dos maiores especialistas na gestão do setor elétrico brasileiro, o ex-diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Eduardo Barata Ferreira, que atualmente presta consultoria para o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

A alternativa combina benefícios técnicos, sociais, econômicos e ambientais: rápida instalação, custo relativamente baixo, atendimento às necessidades técnicas do sistema, baixo impacto ambiental e geração de empregos.

Usinas solares e eólicas podem ser construídas rapidamente – em menos de um ano –, a partir do que poderiam ser usadas para evitar o despacho de hidrelétricas e armazenar água nos reservatórios. Com isso, seria possível garantir o pleno enchimento dessas reservas de água nas próximas estações úmidas.

Em termos ambientais, as fontes têm as vantagens da ausência de emissões de poluentes durante sua operação, ao mesmo tempo em que evitariam o despacho de térmicas a combustíveis fósseis. Quanto à economia, por sua vez, os preços seguem cada vez menores: no último leilão de energia, realizado em outubro de 2019, a energia solar foi contratada por cerca de R$ 84 o MWh, enquanto o custo da eólica ficou na faixa de R$ 98.

Por fim, estimativas das associações brasileiras de energia eólica (Abeeólica) e solar (Absolar) indicam que os projetos das fontes geram volumes significativos de empregos. No caso da eólica são, em média, 15 postos de trabalho por MW instalado, enquanto no caso dos projetos de solar, o número varia de 25 a 30 postos por MW. Isso significa que, se ao invés de se instalarem 8 GW de usinas a gás natural – conforme previsto na medida provisória relativa à capitalização da Eletrobras, que acaba de ser aprovada pelo Legislativo – e se construíssem 3 GW de usinas de cada uma das fontes limpas, seria garantida a criação de entre 120 mil e 135 mil postos de trabalho.

Infelizmente as perspectivas são muito diferentes, com aumento nos valores das bandeiras tarifárias vermelhas, acionamento de todas as térmicas disponíveis e contratação de novas usinas a combustíveis fósseis. Seguimos na contramão do mundo, ignorando a urgência da transição para uma economia de baixas emissões de carbono. E seguimos tampando o sol com a peneira, fazendo de conta que não tem racionamento, mas com o custo da energia nas alturas.

* Clauber Leite é coordenador do Programa de Energia e Sustentabilidade do Idec.

(#Envolverde)

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