Diversos

O futebol da Seleção canarinho não encanta mais

Seleção Brasileira de Futebol treina no Centro Deportivo Azul. Foto: Rafael Ribeiro / CBF
Seleção Brasileira de Futebol treina no Centro Deportivo Azul. Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Por Leno F. Silva – 

Com um futebol medíocre a Seleção Brasileira deu tchau à Copa América. Sem criatividade, nem esquema tático, o time não conseguiu ganhar do Paraguai e, nos pênaltis, perdeu para si mesma.

Se dentro do campo nada funcionou desde o início da competição, a atitude infantil e prepotente do menino minado Neymar no jogo contra a Colômbia sinalizou que a desclassificação seria uma questão de pouco tempo.

Mas foi fora do gramado que uma declaração no mínimo inconsequente demonstrou como funciona a cabeça de quem a dirige. Disse o pequeno Dunga: “Até acho que sou afrodescendente, de tanto que apanhei e gosto de apanhar”. Será que ele conhece um pouco da história dos escravizados no Brasil, para fazer essa afirmação racista?

Como esse esporte é comandado por cartolas e por uma instituição envolvida, há décadas, em desmandos e corrupção até as tampas, tudo continuará na mesma direção, com o treinador fortalecido, e com amplos poderes para dar sequência ao projeto de “renovação” daquele que, um dia, era sinônimo de alegria do povo.

Hoje com a supervalorização de craques e um mercado obscuro de transação de jogadores, cada um, com raras exceções, atua com um olho na bola e o outro nas marcas dos patrocinadores.

Pelo que temos visto nas últimas competições, quando convocados a representar o Brasil, sai de campo o esperado futebol mágico, criativo e de equipe para se instalar o teatro do faz de conta individual. Ao defender a nação a maioria dos atletas está preocupada com o próprio umbigo, e isso também vale para o Dunga e a sua turma: a prioridade deles é a manutenção nos cargos e não a montagem de um time que coopere e jogue para vencer.

Até porque depois do fracasso dentro das quatro linhas qualquer desculpa esfarrapada do comandante Dunga serve, visto que acima dele a CBF sempre dirá amém às suas explicações levianas, as quais nem mesmo a ingênua e romântica Branca de Neve conseguiria convencer. Por aqui, fico. Até a próxima.

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.