Por Leno F. Silva*
Presenciei no sábado uma cena triste em um coletivo biarticulado que seguia em direção ao Terminal Santo Amaro.
Mesmo equipado com direção hidráulica, não deve ser muito simples conduzir o ônibus com 27 metros de comprimento e, principalmente, fazer manobras rápidas.
Um casal deu sinal para descer depois que o veículo cruzou a Rua Joaquim Nabuco, no Brooklin, mas demorou a se dirigir à porta traseira, e nesse breve intervalo, o motorista fez uma curva para ultrapassar outro coletivo. Ao perceber que o ônibus se distanciava, o jovem gritou, mas o condutor não ouviu, e só parou no ponto seguinte.
Ao descer do “Busão”, o marido, mesmo alertado pela esposa para “deixar para lá”, foi tirar satisfação com o motorista. Bateu no vidro; o insultou e esbravejou.
Eu já havia me distanciado quando ouvi gritos, e a constatação de que ambos estavam brigando. Pelo que pude perceber à distância, tudo aconteceu muito rápido, porque logo avistei o coletivo seguindo a viagem.
Naquela fração de segundos, o estado de ira que aflorou poderia ter provocado uma tragédia, resultado da intolerância e da falta de compreensão diante de um fato que, a meu ver, merecia compreensão, visto que durante todo o trajeto a condução do motorista era correta.
Tomara que os marmanjos, os quais foram incapazes de controlar as suas raivas, tenham aprendido algo de positivo com o episódio deprimente que colocou em risco a vida dos dois e de outras pessoas que ali estavam.
Quiçá um dia, ao invés de agressões verbais e físicas, sejamos capazes de exercitar o diálogo e a comunicação não violenta para resolver divergências, principalmente em casos de incidentes os quais, na maioria das vezes, um pedido de desculpas, uma fala respeitosa e educada talvez sejam suficientes para apaziguar os ânimos à flor da pele. Por aqui, fico. Até a próxima. (#Envolverde)
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.