Por Leno F. Silva*
Onde foi parar a nossa humanidade?
Talvez por não ser um produto de primeira necessidade, e de pouco valor agregado, os valores humanos deixaram de ser cultivados por grande parcela da população, que prefere desconsiderá-los quando eles não reúnem determinados “atributos” reconhecidos pelo mercado.
Travestidos de preconceito, racismo, intolerância, homofobia, ódio, dentre outras manifestações perversas, as Redes Sociais se transformaram no palco adequado para a exposição de opiniões, julgamentos e atitudes sem qualquer respeito à dignidade da vida.
Ao optarmos por um modelo de sociedade extremamente competitivo e individualista, perdemos a possibilidade de olhar e de cuidar do todo, e de uns dos outros.
As pessoas são divididas por segmento, classe social, gênero, idade, escolarização, região geográfica, cultura e principalmente pelo poder de consumo. Esquecemos que em cada um de nós o sangue é vermelho, e todos se sentem aliviados quando praticam com regularidade as suas necessidades fisiológicas, um exercício diário imprescindível para a nossa sobrevivência e para mantermos o nosso corpo em equilíbrio saudável.
Isso também vale para os bichos e para todos os seres humanos, incluídos os 8 bilionários que, segundo a Oxfam, detêm riqueza semelhante a 3,6 bilhões de pessoas que representam a metade da população mais pobre do mundo.
Nesse contexto em que o viver se tornou banal, a distância entre riqueza e pobreza se acentua e estamos perdendo a capacidade de dialogar e construir pontes, talvez a única saída seja restaurar a humanidade individual e ao mesmo tempo a coletiva, começando por nos conscientizarmos de que a existência é passageira, que dependemos uns dos outros e que para construímos um mundo mais justo e equilibrado a lógica entre riquezas e desigualdades precisam de equações que nutram as nossas luzes, porque de trevas já estamos muito bem servidos. Por aqui, fico. Até a próxima. (#Envolverde)
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.