Por Jacob Rosenbloom*
Nos últimos anos, temos observado a constante e atual transformação no modelo de políticas públicas de mobilidade urbana. O país enfrenta um grande desafio devido às crescentes taxas de urbanização, as limitações em relação à construção de transporte coletivo e o aumento desenfreado da motorização individual, tudo isso somado ao impacto gerado pela frota de veículos voltada para o transporte de cargas.
A falta de planejamento do transporte urbano é a principal razão para a insustentabilidade da maneira como convivemos no trânsito das cidades. Afinal, as medidas tradicionais, como aumento da capacidade viária, se mostram cada vez mais ineficazes porque estimulam o uso do carro e o que gera mais intensidade no tráfego, alimentando um ciclo vicioso responsável pela degradação do meio ambiente e pela redução da qualidade de vida urbana.
No mundo, o setor de transportes é responsável por cerca de 20% das emissões de CO², sem considerar a emissão de outros poluentes que agridem o meio ambiente. De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), no Brasil, o ramo de transpores responde por cerca de 9% das emissões totais de CO². Com mais de 80% da população vivendo em áreas urbanas, a maior parte das emissões veiculares de carbono concentra-se nessas áreas.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) se aprofundou nestes dados para identificar, separadamente, os valores médios de emissão de CO² durante o trajeto entre casa e trabalho. O estudo revelou que o transporte individual responde, em média, por 35% das viagens motorizadas, sendo responsável por quase 60% das emissões de dióxido de carbono.
Em segundo lugar aparece o transporte público coletivo, responsável por mais de 60% das viagens nas cidades, com 25% das emissões totais. Veículos utilitários de carga, responsáveis por 1% das viagens motorizadas, respondem por mais de 10% das emissões de CO².
Portanto, fica bastante clara a necessidade de se realizar mudanças profundas nos padrões tradicionais de mobilidade, visando cidades mais justas e sustentáveis. Neste sentido, a tecnologia trabalha a favor, buscando reduzir as distâncias e melhorando a forma como a população se relaciona com a mobilidade nos grandes centros urbanos. Uma das soluções que vem ganhado espaço e adeptos no mundo todo é o georecrutamento.
O sistema permite conectar profissionais às vagas de emprego que estão mais próximas de sua residência, a fim de diminuir problemas com longos trajetos e de rotatividade dentro das empresas. Pesquisas apontam que 36,7% das pessoas deixam seus cargos em função da distância entre casa e trabalho. Já 43,3% das pessoas saem das empresas por não visualizarem um plano de carreira.
Com o tema qualidade de vida cada vez mais presente no discurso do trabalhador, as organizações e governos precisam apostar em inovações para a mobilidade, com o intuito de construir um trânsito adequado às necessidades atuais da sociedade e garantir no futuro um meio ambiente limpo, saudável e planejado para as próximas gerações. (#Envolverde)
* Jacob Rosenbloom é CEO da Emprego Ligado.