Opinião

Métricas e relatórios na construção da jornada para o ESG

por Patrick Sousa, Consultor de Compliance externo da Nowports – 

A valorização da agenda ESG (Environmental, Social and Governance) nos últimos anos está transformando a realidade das organizações, para além de ter a marca associada às boas práticas, questões ambientais, sociais e de governança. Segundo a pesquisa “Global Reporting and Institutional Investor Survey”, realizada pela consultoria EY, 99% dos investidores utilizam as divulgações ESG das empresas como aspecto considerável nas decisões de investimento. Resumidamente, esses são os principais critérios avaliados no ESG:

Ambiental: Os critérios ambientais avaliam o impacto das operações de uma empresa no meio ambiente. Eles abrangem temas como emissões de gases de efeito estufa, gestão de resíduos, uso eficiente de recursos naturais, conservação da biodiversidade e eficiência energética.

Social: Os critérios sociais abrangem a forma como a empresa está tratando as pessoas, sejam elas colaboradores, comunidade, clientes ou fornecedores. Eles englobam assuntos como diversidade, inclusão, saúde e segurança ocupacional, direitos humanos, relações trabalhistas, impacto social e engajamento com partes interessadas.

Governança: Os critérios de governança estão relacionados com a estrutura interna da organização, formada entre outros por políticas, controles utilizados para sua gestão e cumprimento de leis e normas. Eles abrangem aspectos como composição do conselho de administração, compliance, privacidade de dados pessoais, responsabilização, gestão de riscos e ética empresarial.

Neste artigo, explico como a definição de métricas e elaboração de relatórios são vitais para empresas que desejam construir uma jornada ESG do zero e também para as que já possuem algumas estratégias em curso. Transparência, vantagem competitiva, engajamento dos stakeholders, padronização e gestão de risco são alguns dos benefícios que podem ser alcançados.

Primeiramente, é importante que a empresa identifique os tópicos de interesse, práticas e tendências do mercado, e as preocupações das partes interessadas para definir as métricas. Uma companhia que deseja aumentar a diversidade e inclusão entre os funcionários precisa observar, por exemplo, o que tem sido feito para ampliar a contratação de pessoas pretas, estudar a proporção de mulheres em cargos de liderança, entre outros.

Outra tarefa necessária é analisar as lacunas presentes. Ou seja, comparar dados existentes com métricas recomendadas por diretrizes globais, como o Conselho Empresarial Internacional. O objetivo é identificar possíveis deficiências para a realização de ajustes (em social, governança e sustentabilidade). No Brasil, um projeto pioneiro é o do ABNT PR 2030, documento voluntário contendo recomendações para as empresas e que tem base técnica para fomentar regulamentações futuras.

Ainda em relação às métricas, o próximo passo é entender a viabilidade (se  são mensuráveis, relevantes e alcançáveis) e restrições (legais, orçamentárias, etc). Para progredir no ESG, uma empresa precisa ter ciência do que é possível ser colocado em prática dentro da realidade organizacional em que está inserida. Respeitando esse preceito, é importante definir prazos para monitorar o acompanhamento do progresso e garantir a responsabilização das partes envolvidas.

Já o relatório é uma ferramenta que garante a sintetização das informações, além de fornecer insights que ajudam na tomada de decisões. Em muitas empresas o departamento financeiro é o melhor exemplo para explicar a eficiência de um relatório, seja convencional ou anual. Analisado em conjunto com as métricas financeiras e verificado por auditorias internas e externas, é um componente organizacional que fortalece a governança.

Integrados, as métricas e os relatórios oferecem uma visão transparente do impacto e desempenho das práticas ESG nas organizações. Através da divulgação interna e externa dos números, dados e gráficos, a empresa certifica que funcionários, clientes, fornecedores, investidores e sociedade em geral criem um vínculo de confiança. Quem investir nesses processos estará melhor posicionado para impulsionar a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa em seu setor de atuação. (Envolverde)