ODS 15

Nós e os animais: um só destino

Domingo, 03 de março foi o Dia Internacional da Vida Selvagem: A civilização humana está avançando sobre todos os espaços naturais do planeta. Com isso modifica e destrói habitats de milhões de espécies, animais e vegetais, com um impacto imprevisível sobre o futuro.

Nós e os animais: um só destino

por Samyra Crespo –

A vida selvagem, ou silvestre, ou ainda as áreas ditas pristinas (intocadas pela atividade humana) estão cada vez mais raras e isso ameaça estruturalmente a biodiversidade do planeta.

Há rupturas dramáticas acontecendo.

Habitats crescentemente antropomorfizados, isto é, transformados em cidades ou áreas produtivas (monocultura e gado) expulsam os animais de seu ambiente, obrigando-os a buscar refúgios cada vez mais escassos.

Além disso, a caça ilegal, o tráfico e os grandes incêndios atuam para a ocorrência de morte e extinção de espécies em ritmo acelerado. E em grande número.

Não é só a fauna terrestre, mas a aérea e a que está sob o solo.

O empobrecimento de genes, seja de plantas ou animais significa um alto risco para a humanidade: ao alterar drasticamente cadeias alimentares construídas em escala de tempo evolucionária, liberamos no ambiente predadores e patógenos que atacam os seres humanos, causando doenças e debilitando a saúde das populações.

A diminuição de répteis como cobras, rãs e sapos, deixa sem predadores milhares de espécies de insetos que, na luta pela sobrevivência, vão buscar alternativas alimentares e hospedeiros nos seres humanos.

A vida se faz por colaboração, associação e competição. Cada processo interage com outro numa complexa teia de relações.

Temos interferido imprudentemente nessa lógica e nesses elos, com consequências nem todas previstas.

Em outras palavras, agimos levianamente.

Por isso, apoiar o conservacionismo, ciência e ativismo voltados para a conservação das espécies (de animais e plantas) é absolutamente necessário e decisivo no presente e nas próximas décadas. Há sinais de estresse e exaustão por todo lado.

A vida, tal como gerações passadas e presentes conhecem, está sendo reconfigurada em práticas predatórias e no fogo nada brando das mudanças climáticas.

Restaurar, revegetar, controlar desmatamento, apoiar projetos – em escala – de conservação é ação urgente.

Uma boa experiência aqui outra ali, é bonito, é poético mas não é suficiente.

Precisamos escalar. Avançar da consciência individual para a coletiva.

A hora é, portanto, de escala, lastro científico e decisões políticas que não podem ser mais adiadas.

Neste dia, tanto os animais quanto nós, somos um. Nos demais dias e anos também. Um só destino.

Pensemos nisso.

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*Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”.

Foi vice-presidente do Conselho do Greenpeace de 2006-2008.

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