Fim de semana, sempre penso em escrever algo poético, inspirador, leve.
Algo que nos livre da ‘crônica policial ‘ que virou o jornal televisivo do país.
Estou em Saquarema e me permito uma pausa para ler e pousar os olhos nas coisas belas que encontro por aqui.
Mas não há como evitar comentar três coisas que me afligem.
A primeira delas é a indecência dos ataques com mortes por Israel, em Gaza, às vésperas do ‘cessar fogo ‘. Um ato a mais de crueldade e de insensibilidade.
Não é ainda o acordo de paz que, maliciosamente, consta de etapas. Então, os próximos dias nos aguardam. Com suas sombras e propaganda israelense pesada (eles têm o domínio da mídia ocidental).
Teremos provavelmente, um hiato entre a barbárie e a eficiência das negociações entre líderes cruéis e que desconhecem limites, infringindo sem punição as leis internacionais que deveriam regular os conflitos.
A segunda coisa é a briga das big techs e o governo do Donald Trump.
Tudo indica que o ‘Império contra-ataca’ e a batalha será na esfera do soft-power, da hegemonia no controle da informação e da narrativa.
Desse modo, o banimento do Tik Tok (presumivelmente a partir de domingo) é só mais um lance no jogo desse xadrez geopolítico. Com o ‘X’ alinhado e a Meta capitulando, não há esperança de que possamos vencer a ‘guerra digital’ travada pela direita em seu avanço mais poderoso, desde a II Guerra.
A terceira preocupação reside na notícia de que poderosas empresas americanas, inclusive bancos com carteiras expressivas de investidores, estão se alinhando ao Governo Trump e retrocedendo em suas políticas de adesão ao ESG (environment, social policies and governance).
O efeito sistêmico da decisão dessas empresas e bancos ainda é de difícil cálculo: um terremoto.
Então, é isso numa semana escassa em boas notícias.
Não sou cientista política, mas entre Trump e Xi Jin Yinping a parada é dura. E nós, países satélites, mas preferimos o adjetivo elegante de ‘parceiros’ de ambas as potências, só podemos procurar uma zona de respiro.
Tudo ainda fluido mas repleto de evidências pantanosas.
Uma certeza é previsível: o Tio Sam quer fazer a América grande novamente (make America great again) às custas de nós todos. Sem hesitar.
O tempo das ilusões benevolentes ou confortáveis já passou.
Samyra Crespo