Por Leno F. Silva*
“Há 10 mil modos de pertencer à vida e de lutar pela sua época.” Esta é a frase contundente de Nise da Silveira, no final do belíssimo filme que mostra como a sua visão humanista transformou a vida dos pacientes esquizofrênicos do Complexo Psiquiátrico do Engenho de Dentro, nos anos de 1944, no Rio de Janeiro.
Numa época em que a lobotomia e o eletrochoque eram considerados inovações científicas nos tratamentos de psicóticos, a responsável pelo Setor de Terapia Ocupacional decidiu usar a escuta, a sensibilidade e o respeito àquelas pessoas, denominadas por ela de clientes, e através das artes revelou talentos inimagináveis daquele lugar, até então insalubre, mau-cheiroso e sem qualquer dignidade.
Reconhecido formalmente por Jung, o trabalho terapêutico desenvolvido pela Dra. Nise foi um marco para as lutas antimanicomiais, que muito contribuiu para uma visão multidisciplinar da atenção psiquiátrica, ressiginificando a conduta e o papel dos diversos profissionais de saúde nos processos de atenção aos pacientes.
Não por acaso empresto um ensinamento de Nelson Mandela que se alinha à figura de Nise da Silveira: “O que conta na vida não é o mero fato de que vivemos. A diferença que fizemos para a vida dos outros é o que vai determinar o significado da vida que levamos.”
Nesse mundo em que estamos conectados o tempo todo, o que você está fazendo na sua existência para melhorar a vida dos outros? Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço:
Título: Nise – O coração da loucura
País: Brasil
Direção: Roberto Berliner
Elenco: Glória Pires, Simone Mazzer, Julio Adrião
Gênero: Drama
Duração: 106 minutos
Classificação: 16 anos
https://www.youtube.com/watch?v=UeAUNvcM_xk
(#Envolverde)
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.