por Samyra Crespo* –
As respostas e soluções que buscamos.
Na segunda feira passada tive o prazer de ver entrevistado no programa Roda Viva (TV Cultura) uma das pessoas mais inteligentes e bem preparadas do nosso país: o professor pernambucano Silvio Meira.
Eu o conheci quando ambos participávamos do Conselho da RITS – Rede do Terceiro Setor, iniciativa da dona Ruth Cardoso (socióloga e então ‘primeira dama’). A iniciativa visava naquele anos 90′, com FHC, fortalecer e dar transparência às organizações sociais, habilitando-as a trabalhar com os governos democráticos.
Ele veio depois a integrar o Comitê Gestor da Internet e sabe tudo, absolutamente tudo sobre tecnologia da informação e especialmente sobre a democratização da Internet.
A entrevista girou em torno da temática da regulamentação das redes e das big Techs – assim chamadas as plataformas mãe que atualmente são provedoras dos serviços que conhecemos.
Também falou-se um bocado de Inteligência Artificial (IA) e a suposta ‘destruição criativa’ que está por vir.
Recomendo fortemente que vejam a entrevista, caso não tenham tido a oportunidade de assisti-la semana passada.
Mas uma determinada declaração de Meira, que já conheço e admiro faz tempo, me marcou profundamente.
Num determinado momento da entrevista ele disse ” Temos que buscar respostas, estratégias e soluções no futuro e não no passado”.
Segundo ele, o Brasil está acorrentado a uma nostalgia do passado, querendo restabelecer o que não pode ser restabelecido: privilégios, direitos trabalhistas, garantias de empregos que vão desaparecer. Uma elite passadista, grudada num presente que não recupera o tempo, sem projeto e portanto sem futuro.
Não vou aqui discutir a fundo as ideias estimulantes que ofereceu e debateu na entrevista.
Meu objetivo não é este e nem também posso concordar com tudo o que disse sobre a necessidade de incrementar uma educação tecnológica.
Fiquei com a frase sobre nos descolarmos do passado, começar a desenvolver as potencialidades do futuro…
Naturalmente, tais indagações nos interrogam profundamente.
Afinal, queremos ser fósseis? Queremos ser Proust ‘em busca do tempo perdido’?
Quando jovem, optei por estudar História.
Grosso modo, se fôssemos resumir, História era definida como “estudo dos fatos, idades e eras passados “. Então, talvez eu tenha essa inclinação para olhar para o espelho retrovisor…
O tão badalado ‘futurismo ‘ de hoje, e penso logo na minha querida amiga Rosa Alegria que me apresentou a essa modalidade acadêmica, era apenas um movimento cultural estético liderado por Marinetti, um poeta. Não se podia conhecer, objetivamente o futuro.
Todo o vivido, a experiência humana estava no passado.
As primeiras noções de que havia um futuro projetado e provavelmente definido por forças que não podemos controlar surgiram, para mim, com as preocupações e previsões catastróficas da agenda do ‘aquecimento global’.
Mesmo os horrores da poluição e da contaminação química me pareciam reversíveis, portanto factíveis de melhoria nas ações presentes.
Até mesmo a existência da bomba atômica, explodindo aos humores de dois líderes políticos que administravam um mundo bipolar, eram preocupações localizadas. Iam, quando muito destruir outras Hiroshimas, outras Nagazaquis. Triste, horrível, mas… A humanidade não estava em perigo.
Está agora? E para salvar o que achamos que deva ser salvo devemos buscar as respostas, soluções nessa bolsa-futuro? A tecnologia é a chave mestra?
Separando meus 7 livros da ‘mochila ambientalista’ me deparei com um acervo que pouco especula sobre o poder da tecnologia.
Mas, antes de criticar o que falta na minha mochila, quero nomear os livros que estão nela, que fizeram a minha cabeça como ambientalista e quem sabe ir, futuramente, atrás dos próximos 7 livros de que eu, nós, vamos necessitar para lidar com os desafios que se acumulam à nossa frente.
Amanhã eu volto.