Por Leno F. Silva*
Encontrar uma família para Truman, o cão companheiro, enquanto o seu dono ainda não partiu dessa existência é o mote apropriado para se discutir vida, amizades, morte e outros detalhes das relações humanas.
A película em cartaz nas principais salas de cinema do país traz o excelente Ricardo Darín no papel de Julian, um ator de teatro argentino, que mora em Madrid, e trata daquela doença que normalmente se evita pronunciar o seu nome, visto que na maioria dos casos o óbito é apenas uma questão de tempo.
Trata-se de um drama com toques de comédia, pois o desafio de Julian é encontrar um novo lar para o fiel amigo Truman, uma tarefa não muito simples em função de alguns pré-requisitos exigidos para que a adoção garanta uma vida tranqüila ao cachorro já com idade avançada, e com certas manias alimentadas pelo dono.
A visita de um amigo de longa data, Thomas, interpretado pelo ótimo Javier Cámara, vindo direto do gélido Canadá, é o amparo que Julian necessita para resolver os seus problemas enquanto administra a morte que virá.
Os quatro dias em passam juntos os dois aproveitam cada segundo. Às vezes satisfazendo prazeres simples como saborear boas refeições e vinhos; e outras dançando e passeando pela cidade. Como dinheiro não é problema para Thomas, ele não poupa recursos para satisfazer os desejos do verdadeiro amigo.
Sabe-se desde o início que o filme é de despedida de um guerreiro, que depois de um ano de tratamento seguindo o protocolo para a doença, declarou conscientemente que iria interromper os medicamentos para viver bem e se preparar para uma partida digna, mas só depois que o Truman tivesse garantida a sua nova casa.
Vendo as expressões do cão, até você toparia ficar com ele. Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço:
Título: Truman (Espanha, Argentina)
Direção: Cesc Gay
Elenco: Ricardo Darín, Javier Cámara, Dolores Fonzi
Gênero: Comédia dramática
Duração: 1h46min
https://www.youtube.com/watch?v=81zU4kBt2rU
(#Envolverde)
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.