Opinião

São José ganha centro de recuperação de fauna silvestre

Anu Branco Rosi
Anu Branco Rosi

Por Júlio Ottoboni*

As melhorias e ampliação na rodovia dos Tamoios, feitas pelo governo do Estado de São Paulo, devem trazer também um reforço extra para a recuperação dos animais da fauna silvestre na região do Vale do Paraíba. A demanda é crescente, porém faltam locais adequados para abrigar e cuidar dos exemplares nativos.

Foi assinado um acordo entre as concessionárias da rodovia e a Universidade do Vale do Paraíba (Univap), sediada em São José dos Campos, para a criação de um centro de reabilitação de animais silvestres, previsto para ter início neste ano. As primeiras obras do novo espaço já estão sendo realizadas.

A universidade, além de ter cursos que podem auxiliar no processo de recuperação da fauna silvestre, mantém desde o início dos anos 2000 um centro de resgate e cuidados veterinários. Além de uma grande área de Mata Atlântica preservada, inclusive com lagoas e com um ecossistema já em equilíbrio.

O centro receberá espécies resgatadas tanto na rodovia como em sua área de abrangência, oferecendo tratamento para reabilitação e retorno ao habitat natural. A iniciativa criou uma expectativa positiva tanto na Univap como na concessionária da Tamoios,  que administra a rodovia que liga São José dos Campos ao Litoral Norte paulista. A estrada se encontra em obras.

O novo Centro de Estudos da Natureza será uma ampliação do já existente dentro do campus Urbanova da universidade. O local terá um novo ambulatório, clínicas, áreas de contenção e também de quarentena para os animais. Apesar de modesto, o local recebe animais resgatados pela Polícia Ambiental, além de exemplares vindos de associações protetoras de animais e de moradores da região.

teiu rosi
Teiu Rosi

Como a estrada cruza o Parque Estadual da Serra do Mar, com grandes obras que tem causados impactos ambientais imensos, que vão além dos contornos da rodovia, se espera que esse tipo de ação reduza o impacto causado à fauna residente ao longo do trajeto.

Tantos nos residuais como no parque são habitados por diversas espécies de animais como cachorros do mato, cobras, pássaros, quatis, tatu galinha, gambá e gambá do mato, além de animais em vias de extinção.

Uma equipe da rodovia  ficará responsável pela remoção de exemplares que estiverem nas proximidades da obra e promoverá a soltura dos animais em outro trecho da mata. O Centro de Estudos da Univap recebe por anos mais de 100 animais resgatados, muitos deles feridos. Quando conseguem ser salvos, são encaminhados ao Ibama que determina onde serão reintegrados.

Além da ampliação do espaço, o acordo também destinará verbas mensais por 15 anos para o custeio de tratamentos, como cirurgias e medicações. Os casos que o animal fica impossibilitado fisicamente de ser reinserido na natureza são encaminhados para santuários e alguns ficam na própria universidade.

O centro de reabilitação tem hoje uma equipe que cuida dos animais, no futuro será reforçada com a chegada de novos contratados, entre eles novos funcionários como técnicos, biólogos, veterinários e o reforço de alunos da universidade, muitos deles estagiários.

Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, pós graduado em jornalismo científico. Tem 30 anos de profissão, atuou na AE, Estadão, GZM, JB entre outros veículos. Tem diversos cursos na área de meio ambiente, tema ao qual se dedica atualmente.