“Solicitamos que a Câmara dos Deputados se empenhe e reforce o programa de proteção de defensores e defensoras dos direitos humanos, socioambientais e as lideranças indígenas, hoje ameaçadas de morte por conta da sua luta”, reivindicou Dom Evaristo Spengler, da região do Marajó, no Pará. Em audiência pública anterior, em setembro, a organização não governamental (ONG) Human Rights Watch já havia destacado esta agenda.
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Para subsidiar este pedido, dados do Relatório “Violência contra Povos Indígenas do Brasil”, lançado, nesta semana, pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também foram expostos por Cléber Buzatto, secretário-executivo da ONG, que alertou também a respeito do aumento de invasões a territórios tradicionais em 2019, que até setembro é bem superior a 2018, e quanto à paralisação atual de processos de demarcação no país, pelo Governo Federal.
Segundo Spengler, é preciso maior incentivo na Câmara à formulação de projetos que favoreçam políticas públicas de financiamento de iniciativas econômicas que valorizem projetos socioambientais. O religioso alertou que megaprojetos na região amazônica, como de mineração, hidrelétricas, ferrovias e rodovias, estão causando impactos significativos ambientais e de direitos humanos, que não podem ser desconsiderados. Entre os problemas mais recorrentes, está o desrespeito ao direito de consulta livre, prévia e informada a que os indígenas e outros povos tradicionais são negligenciados, desde a fase do licenciamento de alguns empreendimentos. Direito previsto na Convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) nº 169, ratificada pelo Brasil.
O bispo lembrou que o Sínodo da Amazônia tem como um dos principais pilares a Encíclica Papal Laudato Sí, e é uma iniciativa que vem do anseio também de leigos e missionários há séculos na Amazônia. Os deputados Helder Salomão (PT-ES) e José Ricardo (PT-AM), que requereram a audiência, também mencionaram a importância do documento.
Martha Medeiros, secretária-executiva do regional Nordeste 5 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reforçou – “O Sínodo é convocado para conhecermos ainda mais os sonhos daqueles que habitam a Amazônia: ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas”.
Sobre a 350.org Brasil e a causa climática
A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e acessíveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.
Desde o início, trabalha questões de mudanças climáticas e luta contra os fósseis junto às comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa das comunidades afetadas por meio da campanha Defensores do Clima. Mais uma vertente das iniciativas apoiadas pela 350.org é da conjugação entre Fé, Paz e Clima.
Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org Brasil
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