por Dal Marcondes, especial para a Envolverde –

A humanidade vive suas desigualdades qual fraturas expostas, a mais antiga delas é em relação às mulheres

Observar o universo feminino a partir de um ponto de vista masculino sempre foi uma tarefa de muita incompreensão de parte a parte. Há milhares de anos de referenciais trocados, experiências e vivências que apenas são compartilhadas em narrativas. Há, também, o fato de que a civilização humana apenas começou a trilhar os caminhos do respeito à igualdade de direitos e o direito à diversidade.

A geração que hoje está acima dos 50 anos, não importando sua cor, viveu a ruptura com padrões antigos de convivência, quando comportamentos hoje considerados machistas, eram aceitos, se não como normais, ao menos como toleráveis. A partir dos anos 1960, no mundo acima do equador, e dos anos 1970 no Brasil, começou-se a se questionar comportamentos machistas e homofóbicos, mas ainda de forma tímida. Os movimentos libertários de mulheres, que em sua vanguarda queimaram sutiãs em fogueiras públicas, foram as vitrines da liberdade, com suas bandeiras pró anticoncepcionais e pela igualdade no trabalho e em casa.

Para mim é difícil entender como mulheres inteligentes, cultas e livres podem ser uma ameaça. Mas, pela reação de alguns grupos sociais do presente, principalmente evangélicos de periferia e conservadores oportunistas dá para perceber o pavor que essas pessoas têm de mulheres livres.

Até bem pouco tempo a maioria das mulheres não tinha sequer acesso à educação formal, ao voto, à participação política e a um monte de coisas que hoje consideramos com básicas. Hoje tenho mais do que certeza, uma imensa convicção, de que o ponto de vista das mulheres é mais humano, com mais empatia, e que sua forma de trabalhar dá mais resultados sob a ótica civilizatória do que a grande maioria dos homens.

Alguns podem interpretar essa opinião como uma espécie de machismo reverso. Não. Ser homem em nosso tempo é uma experiência incrível. Muitos de nós já conseguiram balancear a presença do que éramos, com o que somos e o que seremos. Esse é o principal salto evolutivo da humanidade neste século.

Não se trata apenas de mulheres ocupando posições em que homens eram predominantes, até porque, na imensa maioria dos casos, os homens eram dominantes em quase todas as atividades econômicas, esportivas, militares… e isso está mudando rapidamente. Trata-se, no entanto, de um avanço ainda mais completo, que vai além do gênero, que vai além de etnias ou de qualquer diferença que nos divida. Chegaremos ao dia em que todos seremos simplesmente pessoas. (#Envolverde)