Política Pública

Ambiente insalubre mata 12,6 milhões por ano

O relatório da OMS cita como fatores de risco ambientais a poluição do ar, da água e do sólo. Foto: Banco Mundial
O relatório da OMS cita como fatores de risco ambientais a poluição do ar, da água e do sólo. Foto: Banco Mundial

Agência da ONU afirma que essas mortes são resultado de fatores de risco ambientais, como poluição do ar, da água e do solo entre outros; região da África é a que registra mais óbitos: 2,2 milhões. Curitiba citada como exemplo de cidade moderna.

Por Edgard Júnior, da Rádio ONU – 

A Organização Mundial da Saúde, OMS, calcula que 12,6 milhões de pessoas morrem todos os anos devido a condições ambientais insalubres.

Os dados são de 2012 e mostram que esse óbitos foram registrados em áreas onde essas pessoas viviam ou trabalhavam sem as condições mínimas de higiene ou de saúde.

Ações

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, afirmou que “se os países não adotarem ações para transformar os ambientes em que as pessoas vivem ou trabalham em áreas mais saudáveis, milhões vão continuar adoecendo e morrendo muito jovens”.

O relatório sugere medidas de baixo custo que os governos podem adotar para reverter a tendência de alta nas mortes causadas por ambientes insalubres.

Os especialistas citam a redução no uso de combustíveis fósseis como a gasolina e o diesel e aumentar o acesso da população a tecnologias de baixo carbono.

O uso de tecnologias limpas para cozinhar, para aquecimento e iluminação vão reduzir o número de infecções respiratórias, doenças coronárias e até mesmo queimaduras.

Aumentar o acesso à água potável e a serviços de saneamento, assim como promover o hábito de lavar as mãos vão reduzir os casos de diarreia.

Leis para proibir o uso de tabaco e a exposição à fumaça também vão ajudar a diminuir as doenças do coração e infecções respiratórias.

O relatório cita ainda a melhora do sistema de trânsito e o planejamento urbano como outro ponto positivo. Para os especialistas, a construção de casas que usem sistemas para economizar energia também irá ajudar na redução da poluição.

Curitiba

Nesse último caso, a OMS menciona a cidade de Curitiba, no Paraná como um exemplo. Segundo a agência, as autoridades investiram na urbanização de favelas, processos de reciclagem e no popular sistema de trânsito de ônibus rápido.

Esse sistema é integrado a espaços verdes e calçadas para encorajar caminhadas e o uso de bicicletas.

O documento afirma que apesar de um aumento de 500% do número de habitantes nos últimos 50 anos, os níveis de poluição do ar em Curitiba são comparativamente menores do que em outras cidades. A expectativa de vida também é dois anos maior do que a média nacional.

Fatores de Risco

O relatório da OMS cita como fatores de risco ambientais a poluição do ar, da água e do sólo, como também exposição a substâncias químicas, mudança climática e radiação ultravioleta.

Segundo a agência da ONU, esses fatores contribuem para mais de 100 doenças ou ferimentos.

O documento mostra que as doenças crônicas, ligadas à poluição do ar, incluindo as pessoas expostas à fumaça do cigarro, são responsáveis pela maioria dessas mortes, cerca de 8,2 milhões.

Por exemplo, a OMS diz que derrames, câncer e problemas do coração e respiratórios crônicos representam quase dois terços do total de mortes causadas por ambientes não saudáveis.

Houve uma redução nas mortes por infecções como diarreia e malária, geralmente ligadas à água poluída ou serviços de saneamento insuficiente.

Crianças e Idosos

A agência explica que entre as razões para esse resultado estão o aumento do acesso à água potável e serviços de saneamento e esgoto, junto com mais acesso à vacinação, remédios e mosquiteiros.

Os riscos ambientais afetam em maior parte as crianças e os idosos, principalmente as menores de cinco anos e os que têm entre 50 e 75 anos. Anualmente, as mortes de 1,7 milhão de crianças e de 4,9 milhões de adultos nessas faixas etárias poderiam ser evitadas através de uma melhor gestão ambiental.

Segundo a OMS, as regiões mais afetadas pelo problema são as de baixa e média rendas. O sul e o leste da Ásia registraram 3,8 milhões de mortes, seguidos pela região do Pacífico com 3,5 milhões e da África com 2,2 milhões. A região das Américas ficou com a menor quantidades de óbitos: 847 mil.

O relatório mostrou que entre as doenças relacionadas ao meio ambiente que mais matam são: derrame, problemas do coração, câncer, doenças respiratórias crônicas e diarreia. (Rádio ONU/ #Envolverde)

* Publicado originalmente no site da Rádio ONU.