por Amazônia Latitude | Embasando o debate público acerca dos assuntos ambientais –
Estima-se que a bacia amazônica possua o maior reservatório de ouro do planeta, atraindo inúmeros interessados. Para que ocorra a extração do minério, é preciso desmatar grandes extensões de floresta, principalmente nas margens dos rios, causando erosão, desertificação e afetando a vida ali presente em todos os níveis.
A exploração do ouro envolve uso massivo de mercúrio, que, ao ser liberado em grandes quantidades, espalha seu efeito tóxico letal, afetando a fauna de peixes e, portanto, toda a cadeia alimentar associada ao seu uso, o que inclui populações indígenas.
Nos últimos anos, houve um crescimento exponencial na atividade de mineração de ouro na Amazônia, multiplicando e diversificando o número de atores vinculados a esse negócio. Isso se deve ao aumento progressivo do preço do ouro nos mercados internacionais; cerca de US$ 280 para mais de US$ 1.700 por onça, de 2000 para cá.
Diante das omissões dos Estados envolvidos, centros de pesquisa, organizações da sociedade civil e outros atores têm contribuído para a compreensão, o dimensionamento, a elaboração de relatórios e o desenho de ações alternativas, gerando instrumentos de utilidade pública por meio de plataformas digitais, que também permitem o gerenciamento participativo do monitoramento e atualização permanente dos problemas de mineração na região.
Entre elas, destacam-se a Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (RAISG) e InfoAmazonía, que, juntamente com outras oito instituições latino-americanas, geraram um mapa interativo que apresenta as informações disponíveis nas operações de mineração (ouro, coltan e diamantes), as tecnologias em uso, seja em pontos sem definições precisas, áreas bem definidas ou concessões legais, rios, áreas nacionais ou departamentais protegidas e territórios indígenas afetados.
Atualmente, podem ser identificados mais de 2.500 locais onde a mineração ocorre, sendo que a grande maioria delas (mais de 1800) na Venezuela, seguida pelo Brasil, com mais de 400, e Peru, com mais de 150. Há evidências de danos em cerca de 100 das mais de 600 áreas protegidas existentes na região e em pelo menos 180 dos mais de 6.200 territórios indígenas identificados. Estes dados são, no entanto, parciais, pois, dada a natureza ilegal da atividade, na maioria dos casos, não é possível obter informações completas e confiáveis.
Desde a instalação do governo Bolsonaro, as restrições, tanto de natureza ambiental quanto as resultantes da aplicação da Convenção 169 da OIT, entraram em uma situação preocupante de insegurança, uma vez que o governo pretende reduzir essas restrições até que se tornem irrelevantes, incentivando atividades extrativistas tanto em áreas protegidas como em comunidades e territórios indígenas.
Para saber mais, leia o artigo, em espanhol, de Alfonso Alem Rojo.