Por Regina Scharf, em De Lá pra Cá –
À semelhança do que ocorre com o petróleo ou a soja, o mercado global de pesca oceânica é dominado por um punhado de multinacionais que ficam com a parte do leão num universo de 2.250 empresas pesqueiras e de aquicultura registradas. Pesquisadores da Universidade de Estocolmo acabam de publicar na revista científica Plos One um estudo que ilustra a alta concentração desse mercado e discute o papel desse oligopólio na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade do mar.
Segundo o trabalho, 13 empresas controlam de 11% a 16% de toda a pesca oceânica, entre 9 e 13 milhões de toneladas capturadas anualmente. Também há uma concentração dos lucros. Ao avaliar o faturamento anual das 160 maiores do setor pesqueiro, os pesquisadores verificaram que os 10% no topo detêm 38% do total.
As 13 líderes dominam todos os setores da pesca oceânica e da piscicultura e dedicam-se a uma variedade de produtos, incluindo atum, salmão, moluscos, óleo e farinha de peixe e rações para aquacultura. São elas: Maruha Nichiro (Japão), Nippon Suisan Kaisha/ Nissui (Japão), Thai Union Frozen Products (Tailândia), Marine Harvest (Noruega), Dongwon Industries (Coreia do Sul), Skretting (Noruega), Pescanova (Espanha). Austevoll Seafood (Noruega), Pacific Andes (China), EWOS (Noruega), Kyokuyo (Japão), Charoen Pokhand Foods/CP Foods (Tailândia) e Trident Seafood (EUA). Esta lista oferece alguns detalhes sobre suas operações. Juntas, elas faturaram US$ 252 bilhões em 2012 – 18% do mercado global de frutos do mar.
“Uma liderança ativa em iniciativas sustentáveis por parte dessas empresas poderia desencadear reações em toda a indústria de frutos do mar no sentido de aprimorar a gestão da vida e dos ecossistemas oceânicos”, pondera Henrik Österblom, principal autor do artigo e vice-diretor do Centro de Resiliência de Estocolmo, ligado à universidade e à Real Academia Sueca de Ciências. “Muitas das empresas de pesca que nós pesquisamos superam a maioria dos países em volume de pesca. O nosso estudo reenquadra a responsabilidade pela pesca nesse contexto, indicando que as empresas multinacionais precisam ser incluídas nessa equação se quisermos resolver a crise global de sustentabilidade dos ecossistemas marinhos”, declarou um dos coautores do estudo, Jean-Baptiste Jouffray, do Programa de Dinâmica Econômica Global e da Biosfera da Real Academia Sueca de Ciências. (Página 22/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no Blog De Lá Pra Cá da Página 22.