por Thomas Augusto, especial para a Envolverde –
O que esperar das resoluções ambientais do país na conferência ambiental da ONU
Depois de uma COP 21 de muita esperança, uma COP 22 de muita cautela, a próxima deve prometer ânimos acalorados dos chefes de estado, afinal, essa será a primeira Conferência de Trump. A edição desse ano acontecerá em Bonn, na Alemanha, e será presidida por Fiji, que terá a difícil missão de promover o andamento e cumprimento do Acordo de Paris, enquanto mostra ao mundo os desastres ambientais já causados pelo aquecimento global – isso, sem contar que terá que manter na rédea os EUA. Não será fácil. Mas, nesse barulho todo, onde se encontra o Brasil?
Segundo o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, “Seis ou sete anos atrás, o Brasil chegava às COPs, um dos diplomatas fazia o anúncio da taxa de desmatamento e isso era seguido de uma salva de palmas porque significava que o Brasil estava enfrentando o desafio de reduzir o desmatamento e, com isso, diminuindo muito suas emissões”. Mas a situação já não é mais a mesma.
Ano passado, o Brasil apresentou à COP um cenário oposto. Um aumento de 24% do desflorestamento na Amazônia em 2015 e a alta da violência no campo. Porém, engana-se quem achava que esse seria o fundo do poço. As previsões para 2016 apontam uma alta de quase 30% no desmatamento amazônico. Ou seja, a pior taxa desde 2008.
“Agora não existe mais ambiente para aplausos. Pelo contrário, o presidente Michel Temer ter criado um ambiente onde as questões socioambientais são moeda de troca para conseguir votos no Congresso é constrangedor por si só”, complementa Rittl.
Prova disso, são os recentes projetos no Congresso que visam minar o meio-ambiente brasileiro. O texto que muda o licenciamento ambiental no país já possui seis problemas identificados pelo Ibama. Um decreto de lei em trâmite prevê que crimes ambientais poderão ser pagos em serviços. Outro projeto de lei visa alterar os limites da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, reduzindo o nível de proteção ambiental da área. E a lista continua…
O único possível ponto positivo na COP 23, o RenovaBio, nova política para biocombustíveis, ainda peca ao não estabelecer metas mais claras. Talvez seja tempo de repensar onde perdemos o rumo. Talvez devemos entender que interesse político e meio-ambiente juntos são muito perigosos. (Envolverde)