Por Gabriel Enrico e Marina Breanza, de Marrakesh –
Político de carreira e um dos nomes mais fortes e de reconhecimento internacional na área ambiental, Brice Lalonde, ex-ministro do Meio Ambiente da França, no período de 1990 a 1992, fundador do partido Geração Verde Ecogreen e coordenador executivo da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), participa da COP22 com otimismo em relação ao futuro do Acordo de Paris.
Nesta entrevista concedida a Cásper na COP22, em Marrekesh, Lalonde, que é o representante internacional da França para as negociações do clima, imprimiu suas percepções sobre a ratificação do Acordo de Paris e os desafios e possibilidades de uma economia de baixa emissão de gases do efeito estufa.
Revista Negócios da Comunicação – Quais as suas impressões em relação à COP 22 e aos seus significados para o mundo?
Brice Lalonde – Penso que nesta COP o mais importante é o que está em torno dos negociadores oficiais. Tem um movimento fantástico aqui, as pessoas estão muito envolvidas, há uma infinidade de iniciativas e ações. Os negociadores, na verdade, terminaram o trabalho no ano passado e agora vão arrumar os detalhes. As principais ações não são realizadas na COP, o que é chamado de “atores fora do Estado” (non estate actors). O que nós estamos vendo aqui é o grosso das atividades que envolvem os atores fora do Estado e as dificuldades de encontrar algo para negociar na sala ao lado.
Revista Negócios da Comunicação – Você acredita que os países que ratificam o Acordo vão cumprir com o que elas estão prometendo?
Brice Lalonde – Com o que está acontecendo nos EUA nós não sabemos ainda, mas o fato é que a economia de todo o mundo está indo para o caminho de baixa emissão, e essa é uma “moda” positiva.
E isso é possível, inclusive, porque os combustíveis renováveis estão ficando cada vez mais baratos. Nunca é um caminho simples, você vai e volta, vai e volta, mas o caminho é esse mesmo.
Revista Negócios da Comunicação – Você acha que um evento como este pode, de fato, impactar as pessoas?
Brice Lalonde – É importante se encontrar, as pessoas gostam de se encontrar. Aqui você pode trocar experiências e as pessoas ficam felizes em fazer isso. Mas claro que o maior trabalho é cada um de nós em nossos países. Em São Paulo o grande problema foi com a falta de água no ano passado, porém isso já está se reestabelecendo. Será que vocês conseguiram aprender a lição? (#Envolverde)
* Entrevista publicada originalmente na Revista Negócios da Comunicação.