Clima

COP28: Lula carrega uma bagagem de ambições para Dubai

Por Dal Marcondes, especial para o projeto Diário da COP* – 

A diplomacia brasileira está pavimentando o caminho para grandes ambições em relação não apenas a COP 28, que começa agora em Dubai, mas para consolidar sua posição de liderança climática global na COP 30, que vai acontecer em 2025 em Belém, na Amazônia Brasileira.

O presidente Lula já está no Oriente Médio para reuniões de negócios e para fazer sua estreia na COP 28, nos Emirados Árabes Unidos, um dos 10 maiores produtores de petróleo do mundo, sede da Conferência do Clima (COP28) este ano. Na bagagem Lula leva um ambicioso plano para a criação de um fundo internacional para a preservação de florestas e o fomento de uma economia florestal em cerca de 80 países das Américas, da África e da Ásia que detêm a maior parte das florestas tropicais ainda remanescentes da Terra.

A proposta para criar esse Fundo Florestal resolve, em parte, os dilemas para a aplicação da prometida contribuição de US$ 100 bilhões que ocupa a agenda das COPs desde a COP 15, de Copenhague em 2009.  Mesmo que a proteção de florestas e pesquisas para uma bioeconomia florestal não resolva as demandas da emergência climática, o governo brasileiro sabe que anunciar a criação desse Fundo durante a COP de Belém será um “gol de placa” para as ambições de liderança climática do país.

Um documento lançado neste início de COP 28 pelo Observatório do Clima, entidade que reúne dezenas de outras organizações de incidência socioambiental e climática, detalha as expectativas em relação a outras urgências para a manutenção da elevação da temperatura média do planeta abaixo de 1,5Cº:

  1. Que o Brasil se esforce para garantir o cumprimento dos compromissos voluntários apresentados pelos países na COP 21, em Paris;
  2. Que o país atue para conseguir a implantação de um calendário de urgência para a eliminação do uso de combustíveis fósseis;
  3. Evite o aceite de tecnologias não testadas de captura de carbono para manter a indústria fóssil;
  4. Apoie a criação de mecanismos de controle social no conselho gestor do Fundo de Perdas e Danos climáticos;
  5. Olhe para a frente, para a COP 30, que marca o aniversário de 10 anos da COP de Paris, e garanta avanços que levem o mundo a um compromisso climático comprometido e estável.

São desejos bastante ambiciosos, mas que levam em conta o papel central que o país tem ocupado durante as negociações em outras COPs. Durante a COP 21, em Paris, a diplomacia brasileira teve um papel decisivo na construção dos compromissos que se consolidaram como o Acordo de Paris. Para a COP 28 o embaixador chefe das negociações climáticas, André Correa do Lago, espera que o Brasil consiga melhorar o clima entre os países desenvolvidos e emergentes, especialmente em relação ao investimento previsto nas conferências anteriores. 

Correa do Lago lembra que os países desenvolvidos vêm queimando combustíveis fósseis em escala industrial desde o século 19, enquanto a maioria dos países emergentes só ganhou escala nesse cenário a partir da segunda metade do século 20, e que essa desigualdade precisa estar presente nos acordos climáticos. (Synergia/Envolverde)

*Synergia Socioambiental e Envolverde na cobertura da COP28.