Estudo do Iyaleta mostra que, de 2015 a 2021, número de pessoas atingidas subiu de 145 para 4.755 por cem mil habitantes no RN
A Associação de Pesquisa Iyaleta lançou um estudo apontando crescimento exponencial de populações afetadas, incluindo mortes, na região Norte e Nordeste em decorrência de desastres naturais como secas e inundações. Em seis anos, de 2015 a 2021, o número de pessoas nessas condições subiu mais de 3 mil por cento no Rio Grande do Norte e quase mil por cento no Amapá. Os dados foram apresentados no Brazil Climate Action Hub, durante o painel sobre Adaptação, Perdas e Danos e Impactos nos territórios. “Isso comprova que não se avançou em políticas para adaptação aos eventos climáticos”, afirmou Diosmar Filho, pesquisador da Associação Iyaleta. Para acessar o estudo clique aqui.
Em 2015, quando o Brasil assinava o Acordo de Paris, o número de pessoas afetadas, incluindo mortes, em decorrência de desastres naturais no Rio Grande do Norte era de 145 para 100 mil habitantes, número que saltou para 4.755 em 2021. No Amapá, o número saltou de 335 por 100 mil pessoas em 2015 para 3.364. As consequências mais comuns são sobre a saúde e a moradia nas regiões atingidas pelos fenômenos, que agravam a miséria. “Dados sobre desastres naturais e população em situação de vulnerabilidade mostram como a construção de outras redes urbanas pode ajudar e contribuir para políticas de adaptação às mudanças do clima”, disse o painelista.
Formada por pesquisadores da região Norte e Nordeste do país, a Associação de Pesquisa Iyaleta lançou na COP27 sua pesquisa de campo sobre relações étnico-raciais e de gênero sob a ótica das condições de saúde e do ordenamento territorial. De acordo com o levantamento, em nove cidades da Amazônia Legal e nos principais centros urbanos das regiões Norte e Nordeste, houve aprofundamento do número de pessoas vivendo em vulnerabilidade devido ao ordenamento territorial, que envolve falta de acesso à moradia, à saúde e a um conjunto de serviços, como rede de abastecimento e esgoto, e moradia.
Outro dado de realidade que precisa ser levado em conta na adaptação climática são as condições de saúde. Na região Norte e Nordeste, afirma Diosmar, vive-se uma sindemia de arboviroses (Dengue, Zika e Chicungunya). Sindemia é a interação agravante entre problemas de saúde e condições socioeconômicas “Em razão de desmatamento, falta de saneamento, aumento de chuvas e falta de políticas públicas, é essencial olhar para esses dados no momento de revisão e financiamento das políticas de adaptação”, completou.
Entre os especialistas presentes no painel estiveram ainda Daniela Costa, gerente de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil, e André Rocha Ferretti, do Grupo Fundação Boticário. Eles debateram sobre caminhos para que a construção de redes urbanas ajude no combate às mudanças climáticas, com apresentação de várias experiências. Especialistas também apresentaram contribuições sobre mecanismos de adaptação.
Você pode assistir às palestras do painel no seguinte link: https://www.brazilclimatehub.
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