Por ClimaInfo –
Um estudo publicado nesta semana na revista Nature concluiu que, a continuar a trajetória atual de aquecimento do planeta, quase metade das espécies de vertebrados terrestres poderá enfrentar ondas de calor extremo muito superiores às que estão adaptados para suportar.
Caso a temperatura média da Terra aumente mais de 4ºC até o final deste século em relação aos níveis pré-industriais, como indicam os cenários business-as-usual, 41% dos vertebrados terrestres ficarão expostos a ondas de calor extremo; entre os anfíbios e répteis, essa proporção é ainda maior, de 55% e 51%, respectivamente.
Por outro lado, em um cenário de aquecimento mais contido, no qual a temperatura média subiria 2,7ºC até 2100, a proporção de espécies sob risco de calor extremo diminui para 15%. Lembrando que a meta menos ambiciosa de aquecimento definida pelo Acordo de Paris é de 2ºC, um patamar inferior a esse cenário mais otimista.
O calor extremo pode causar um estresse fisiológico nos organismos naturais, precipitando transtornos de metabolismo e facilitando a ocorrência de doenças cardiorrespiratórias. Mas os impactos podem ser ainda maiores, já que os efeitos do calor sobre o organismo ainda não foram totalmente analisados pela ciência.
“Quando observamos a relação entre o limite termal fisiológico [do organismo dessas espécies] e a temperatura de base que usamos para definir os eventos extremos, descobrimos que essa temperatura era maior do que os limites fisiológicos”, explicou Gopal Murali, pesquisador da Universidade do Arizona e autor principal do estudo, à Folha. “Portanto, estamos sendo conservadores e subestimando o impacto sobre essas espécies”.
Guardian e Um Só Planeta também repercutiram o estudo.
*Crédito da imagem destacada: Michael S Nolan/alamy
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