Sistema replica a metodologia brasileira e inaugura uma rede internacional de iniciativas independentes de cálculo de emissões; Índia deve ser a próxima a adotar o método
Por Bruno Toledo, do OC –
Nesta semana, foi lançado no Peru o Sistema de Estimación de Gases de Efecto Invernadero (SEEG Perú), a primeira iniciativa estrangeira criada a partir da metodologia desenvolvida pelo Observatório do Clima para o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). O nascimento dessa iniciativa peruana marca o começo da construção de uma rede internacionais de plataformas de cálculo de emissões nacionais de gases de efeito estufa (GEE) – a Rede SEEG.
“O Peru é o primeiro país a reproduzir o sistema criado no Brasil, e esperamos, em breve, que outros se juntem à Rede SEEG”, disse Tasso Azevedo, coordenador da Rede SEEG e do SEEG brasileiro. “Essa é uma ferramenta muito poderosa para entender as trajetórias das emissões e as trajetórias econômicas, e abre possibilidades para a proposição de políticas de redução de emissões.”
O próximo país a entrar na rede deverá ser a Índia. Em abril, uma equipe de técnicos do SEEG esteve em Nova Déli, num seminário para explicar a metodologia aos indianos. O país asiático é o quarto maior emissor mundial de carbono.
A proposta da plataforma peruana é a mesma da iniciativa do OC: apresentar informações, de forma simples e aberta, sobre as emissões de GEE nacionais em setores estratégicos da economia. O SEEG Perú também olha para os cinco setores econômicos observados pelo SEEG brasileiro (agropecuária, energia, mudança de uso da terra, processos industriais e resíduos sólidos). A coordenação da plataforma está a cargo de quatro instituições – Fundación para el Desarrollo Agrario, Ciudad Saludable, Pronaturaleza, e Facultad de Economía y Planificación de la Universidad Nacional Agraria La Molina.
Durante o lançamento do SEEG Perú, foram apresentados os primeiros dados de estimativa de emissões peruanas para o período 1990-2013. De acordo com Waldemar Mercado Curi, da Fundación para el Desarrollo Agrario, não há grandes diferenças entre o inventário nacional peruano e os números do SEEG Perú. “Encontramos uma relação direta entre o crescimento do PIB e o crescimento das emissões, e isso se mantém ao longo dos anos”, explica Mercado.
De acordo com os dados apresentados pelo SEEG Perú, o setor de mudança de uso da terra representou 45,8% das emissões de GEE peruanas em 2013. No período 1990-2013, as emissões associadas a esse setor praticamente acompanharam os momentos de alta e baixa do desmatamento na Amazônia peruana. O segundo setor mais representativo é o de energia, com 27% das emissões peruanas em 2013. Dentre as atividades que mais geram emissões no setor energético, destacam-se transporte (40,4%) e geração de eletricidade (19,5%); no período 1990-2013, as emissões nesses dois subsetores cresceram fortemente no Peru, 252,4% e 185,6% respectivamente.
A agropecuária registrou 16,7% das emissões peruanas de 2013, sendo que 46,8% dessas emissões decorreram da aplicação de fertilizantes nitrogenados em solos agrícolas e 42,3% são provenientes de fermentação entérica (processo digestivo em herbívoros ruminantes, que produzem metano). Finalmente, os setores de resíduos e processos industriais representaram 5,7% e 4,8% das emissões peruanas em 2013, respectivamente. (Observatório do Clima/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site Observatório do Clima.