Ambiente

COP 24: África reforça a necessidade dos países em desenvolvimento cumprirem o Acordo de Paris.

Por ‍Louise Demetrio da Silva*, especial para Envolverde – 

Continente africano une-se na 24ª Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em Katowice, na Polônia, para estimular maior engajamento no desempenho das regras que moldam o acordo.

São quase 200 países reunidos na tentativa de frear o aquecimento global e os riscos das mudanças climáticas. Iniciado no dia 3 de dezembro, o evento segue com agenda apertada até a data de seu encerramento, no dia 14 (sexta-feira). Nessa primeira semana o continente africano se reuniu com postura firme e decisiva para que as regra implementadas nos acordos feitos durante a conferência saiam, de fato, do papel.

foto Louise Demetrio da Silva

Dos 30 países mais pobres do mundo, 21 pertencem à África. E se antes um terço de sua população que vivia abaixo da linha da pobreza já lidava com a escassez de água e alimentos, agora tem de lidar também com mudanças climáticas extremas.

Embaixadora e comissária da União Africana para agricultura e economia rural, Josefa Leonel Sackofoto foto Heloísa Youssef

A embaixadora e comissária da União Africana para agricultura e economia rural, Josefa Leonel Sacko, faz questão de realçar que o continente não contribui para o efeito estufa, uma vez que a participação total de emissão de gases é de apenas de 4%. Em contraponto, é este o continente mais afetado por choques climáticos intensos. A embaixadora reafirma os pontos tratados nos debates: “Aceitamos fazer parte do Acordo de Paris, porém com responsabilidades bem identificadas. Os que poluem que tomem as suas responsabilidades definidas, já que cada parceiro precisa começar a rever o que faz em termos de seus compromissos com este acordo.”

No decorrer das várias cabines de imprensa, os representantes africanos ressaltaram que a importância da África nesta COP 24 é consolidar a posição do país sobre as regras que vão sair da cúpula.

Para Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, as mudanças climáticas afetam de maneira implacável as populações mais vulneráveis e o continente africano tem índices de desenvolvimento menores do que a média do planeta. “Há a região do Sahel, Chifre da África, por exemplo, nas quais as populações sofrem com as perdas na produção agrícola e impacto severo na disponibilidade de água. O Acordo de Paris tentou buscar um engajamento mundial, mas ainda é preciso reconhecer que existem diferenças entre países muito pobres e muito ricos.”

Os países desenvolvidos (EUA, Noruega, Austrália, Suíça, por exemplo) já emitiam gases poluentes em excesso, datados desde a Revolução Industrial. Agora, a cada conferência visam atingir as metas dos acordos definidos e financiar o progresso sustentável de países que ainda estão se desenvolvendo, como Brasil, China e Portugal. Tais subsídios são o ponto chave para a obtenção de progressos na economia verde: “Existe além do grupo africano, o grupo dos países menos desenvolvidos que também é um bloco de negociação da ONU e boa parte desse bloco é formado por países da África. Eles não estão fazendo um chamado somente às grandes nações desenvolvidas, mas aos grandes emissores em desenvolvimento que tem uma responsabilidade muito maior do que os já desenvolvidos. A gente pode ter o melhor pacote de regras do Acordo de Paris mas é necessário que elas sejam muito claras, para que então sejam concretizadas e ao final, sabermos quem vai pagar a conta de clima.” – encerra Carlos Rittl.

*Jornalista colabora da Envolverde no segmento de jornalismo e sustentabilidade.

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