Números indicam que a coleta de produtos encontrados no interior da floresta amazônica, como castanha, açaí e babaçu, garantem a subsistência de mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. Apenas em áreas protegidas, estas atividades extrativistas movimentam mais e R$ 1 bilhão por ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse foi um dos assuntos discutidos hoje (04), na COP24 (Conferência sobre Mudanças Climáticas), organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Katowice, na Polônia, dentro do Espaço Brasil.
“É cada vez mais importante que se valorize os povos tradicionais e que se crie políticas governamentais inclusivas, com o objetivo de fortalecer a produção florestal sustentável, que mantém as florestas protegidas, além de enaltecer a herança cultural dos nossos povos”, afirma Francisco das Chagas, diretor da Coordenação Nacional de Comunidades Quilombolas (Conaq).
Chagas destaca que, anualmente, mais de 350 mil toneladas de produtos não-madeireiros são extraídos da Amazônia legal brasileira. O principal produto de base florestal é o açaí, com mais de 200 mil toneladas coletadas por ano. Depois, aparecem o babaçu, com 79 mil
toneladas, e a castanha do Pará, com 37 mil toneladas anuais.
“Os povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, respiram a floresta. E a conservação do nosso habitat é uma das ferramentas que mantêm a longevidade das nossas atividades e o desenvolvimento social das populações locais”, complementa.
Para Roberto Palmieri, secretário executivo adjunto do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), fomentar a economia de base florestal é uma das principais estratégias para a conservação da biodiversidade e para a manutenção da
floresta em pé.
“Entendemos que, nas florestas, existem instrumentos capazes de fomentar transformações sociais e, ao mesmo tempo, conservar a biodiversidade brasileira, uma vez que essas populações extraem o seu sustento da floresta, com produtos não-madeireiros e o manejo
florestal responsável”, ressalta.
Além de conservar uma riqueza genética incalculável, as florestas também abrigam uma série de serviços ecossistêmicos que, direta ou indiretamente, causam impacto à sociedade. Eles regulam a qualidade do ar, a temperatura e a sazonalidade das chuvas, por exemplo. “Isso ainda sem levar em consideração a matéria-prima extraída através do manejo florestal responsável, como a madeira, a biomassa, os óleos, as frutas e os vegetais”, acrescenta o secretário executivo adjunto do Imaflora.
ESPAÇO BRASIL – Pelo terceiro ano seguido, o Brasil organizou uma área exclusiva dentro da COP para engajar a sociedade e discutir os resultados do país na área ambiental. Neste ano, a programação do Espaço Brasil é dividida por dias temáticos. Entre eles, haverá eventos dedicados a florestas, comunidades e povos tradicionais, negócios e ao legado do país na agenda ambiental. Os debates terão a participação de representantes do setor público, iniciativa privada, sociedade civil e comunidade científica. Consulte a programação:
http://espacobrasil.gov.br
(#Envolverde)