por Júlio Ottoboni, especial para a Envolverde –
A Defesa Civil de São Paulo se reuniu no parque tecnológico de São José dos Campos para iniciar um novo treinamento para capacitação e especialização dos agentes para a Operação Verão, previsto para ter início no dia 1º de dezembro. As previsões meteorológicas para o período e os perigos dos extremos climáticos, além de condições geológicas propícias para acidentes colocaram a entidade em estado de alerta desde agora.
Tempestades intensas e pontuais, além de período de estiagem prolongada e grandes ondas de calor, fazem parte o cenário para o eixo Rio- São Paulo montado pelo Painel Climático Intergovernamental das Nações Unidas ( IPCC), que conta com diversos pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), sediado na cidade.
Mais de 200 pessoas estiveram no evento. A organização foi feita pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, com apoio do município. A Oficina Preparatória para a Operação Chuvas de Verão envolverá agentes de Defesa Civil das 39 cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte.
A Operação Verão da Defesa Civil é realizada todos os anos, entre 1º de dezembro a 31 de março, período de maior incidência de chuvas. Além do Vale do Paraíba, a operação acontecerá também nas regiões de Sorocaba, Campinas, Baixada Santista e Região Metropolitana de São Paulo. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que fica no parque tecnológico local.
No dia 27 de outubro uma tempestade localizada com ventos intensos atingiu o Comando de Aviação do Exército (Cavex), sediado em Taubaté, afetando vários helicópteros e a estrutura física do local, causando grandes prejuízos, inclusive tombando vários aparelhos. Em 2006, no alto verão, um tornado atingiu a fábrica de aviões da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), em São José dos Campos, arrastando aviões e destruindo por completo um hangar.
Segundo a Defesa Civil de São José, a oficina deverá capacitar os agentes para as novas práticas operacionais preventivas a fim de minimizar os danos causados por eventos naturais, como deslizamento de terra e inundações em áreas de risco, por exemplo, contribuindo com os planos preventivos do município. A cidade tem mais de 1,6 mil casas em locais de altíssimo risco.
Nestes novos treinamentos os temas como registro de comunicação preliminar de ocorrência, procedimentos de assistência humanitária, estrutura dos planos preventivos, índices acumulados de chuva, informações meteorológicas e exercícios práticos serão abordados.
Para o Vale do Paraíba e Litoral Norte, as defesas civis terão seus Planos Preventivos específicos para escorregamentos, com ações integradas entre diferentes órgãos dos governos estaduais e municipais.
Na estação do verão, a incidência de raios também aumenta por conta das tempestades, típicas do período. A Operação Verão da Defesa Civil visa prevenir acidentes também com raios. O Vale do Paraíba e a região metropolitana de São Paulo estão entre as maiores incidência de descargas elétricas do sudeste.
A previsão dos estudos do Inpe, o Vale do Paraíba terá 80% a mais de raios e grandes tempestades até 2048. São José detém os maiores índices de raios na região. Isso equivaleria a ter mais de 8 mil raios por ano sobre a média atual, que gira na faixa das 10 mil descargas elétricas atmosféricas. Taubaté e Jacareí também praticamente dobrariam no volume de raios e nos riscos de acidentes e mortes.
Os pesquisadores do Inpe publicaram a pesquisa na revista científica American Journal of Climate Change e as projeções estão alinhadas com as mudança climáticas de efeito antrópico e nos extremos causados como consequência deste processo. A base foi a incidência de raios no estado de São Paulo desenvolvida pelo Inpe.