No mês de junho, a expedição fluvial serviu de plataforma para pesquisadores do INPA estudarem a biodiversidade e apoiar a comunidade local
Durante o mês de junho, o Greenpeace Brasil realizou a Expedição “Amazônia que Precisamos” no sul do Estado do Amazonas, no Rio Manicoré. Para mostrar que é possível aliar conservação e proteção da biodiversidade, com desenvolvimento e geração renda, a organização se uniu a um grupo de comunidades da região que lutam para ter seus direitos territoriais reconhecidos e sua floresta protegida. O barco da expedição também serviu de plataforma para a ciência: o Greenpeace Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), levou pesquisadores para desenvolverem estudos sobre a biodiversidade deste recorte tão diverso e ainda pouco estudado.
Afluente do Rio Madeira, o Rio Manicoré dá nome ao município da região. Nas redondezas, 15 comunidades, onde vivem cerca de 4 mil pessoas, lutam há 16 anos pelo reconhecimento de seus direitos territoriais e pela proteção da floresta. Essa luta é fundamental, vide que Manicoré está no sul do Amazonas, região onde o desmatamento tem se expandido rapidamente e a pressão de grileiros de terra, madeireiros ilegais e criadores de gado sobre o território tem ficado cada vez mais frequente. Desde 2015, Manicoré aparece na 5ª posição no ranking do desmatamento no Estado do Amazonas e, só no último ano, 134,67 quilômetros quadrados (km²) foram desmatados por ali, majoritariamente no sul do município.
Com o agravamento da crise climática no mundo, que tem proporcionado cada vez mais eventos extremos como enchentes e secas em níveis alarmantes, a ciência já demonstrou inúmeras vezes que o bioma Amazônia é fundamental para o equilíbrio do clima e para a biodiversidade. O Greenpeace Brasil acredita que o apoio à luta dessas comunidades, que desejam proteger as florestas, e o incentivo à pesquisa são formas de contribuir para a construção de um futuro mais justo, verde e pacífico.
A Expedição “Amazônia que Precisamos” já estava em curso quando o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados, escancarando como ações e omissões do governo estimulam um ambiente de destruição do meio ambiente e de vidas. Apesar da forte indignação, escolhemos seguir com a atividade. O Greenpeace acredita que continuar com esse trabalho na região é honrar o legado de Bruno, Dom e tantos que foram mortos antes deles. Falar da Amazônia que precisamos e lutar para que essa Amazônia se concretize, é também uma forma de resistência.
A Expedição é uma maneira de mostrar para os brasileiros e para o mundo a potência da Amazônia e de seus povos, a importância de nos unirmos para garantir um futuro com floresta em pé, dignidade, biodiversidade e ciência. “Com esta expedição, queremos apoiar a produção científica brasileira e a luta das e comunidades do Rio Manicoré pela conservação desse território. É hora de construirmos a Amazônia que precisamos para o futuro e deixar para trás o desmatamento, a grilagem, os incêndios florestais e a violência contra defensores da floresta. Precisamos avançar rumo ao fim do desmatamento, fortalecendo a ciência e abrindo caminho para uma economia que seja capaz de conviver com a floresta e respeitar as pessoas que vivem aqui”, Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
*Crédito da imagem destacada: Expedição “Amazônia Que Precisamos” no Amazonas – Foto: Tuane Fernandes | Greenpeace Brasil
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