por Alice Marcondes, da Envolverde –
Há setores onde a água é o principal recurso para a produção, por isto cuidar bem não é apenas responsabilidade ambiental mas, principalmente, garantir o interesse dos acionistas.
Os números são gigantescos: lucro de R$ 8,6 bilhões em 2011 e 45 mil pessoas empregadas. Surgiu da fusão de duas grandes marcas em 2000 e já tem presença em 14 países das Américas, além de ocupar o quarto lugar no ranking das maiores cervejarias do mundo. Assim é a Companhia de Bebidas das Américas, ou Ambev, como é mais conhecida. No Brasil, cerca de 70% do mercado de cervejas é dominado por ela. São 34 fábricas que produzem algumas das marcas mais consumidas no país. Além de sua quase onipresença nos rótulos da bebida que é a paixão nacional, comercializa também produtos não alcoólicos.
Tudo na Ambev tem ares de gigantismo, inclusive os impactos sobre o meio ambiente, já que os alicerces de toda esta estrutura estão fincados em um recurso natural finito, a água. Estatísticas da empresa apontam que a água representa 95% da matéria-prima utilizada na fabricação de seus produtos. A preservação deste recurso é fundamental para a perenidade de seu negócio: a Ambev investe desde 2010 no Movimento Cyan, uma iniciativa que pretende fazer com que as pessoas enxerguem o valor da água.
Dentro da companhia as metas ambientais são tratadas com o mesmo rigor que os objetivos econômicos. A gestão responsável dos recursos naturais rendeu à empresa um índice de 99% de reaproveitamento dos subprodutos, além de uma economia hídrica em seus processos de 27% nos últimos oito anos. “Chegamos a um ponto onde não há como reduzir mais o volume de água utilizado. Criar o Cyan foi a maneira de olhar para fora dos muros de nossas fábricas e descobrir como fazer mais pelos recursos hídricos”, diz Ricardo Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev.
Entre as principais ações está o mapeamento da cadeia produtiva de seus fornecedores e levantamento dos pontos em que o consumo de água pode ser reduzido. Chamada de Pegada Hidrológica, esta iniciativa conta com a parceria da Universidade de São Paulo, que realizou o estudo. “Nossa experiência interna serve de exemplo para orientar as empresas que formam parte de nossa cadeia de valor”, explica Rolim.
A preservação das bacias que abastecem as fábricas, também é uma missão assumida pelo Cyan. A primeira atuação acontece na região do Distrito Federal, na bacia Corumbá-Paranoá. Com o auxílio da organização não governamental WWF-Brasil, entre outras ações, o movimento atua no engajamento das populações ribeirinhas e realiza o monitoramento da qualidade da água. “Localizamos focos de poluição, buscamos a origem e fazemos um trabalho de conscientização. Já é possível ver melhorias nessa bacia e pretendemos agora replicar nas de outras fábricas”, diz o diretor.
O movimento atua também em outras frentes, como o Banco Cyan, que, em parceria com a Sabesp, premia consumidores que reduzem o consumo de água em suas residências, com descontos em sites de compras. A companhia não tem retorno financeiro direto, mas sabe que o Cyan é um investimento no futuro: “é um movimento e não um projeto, exatamente para que tenha um começo, mas não um fim. A continuidade de nosso negócio depende da oferta de água hoje e sempre, explica o executivo da Ambev. (Envolverde)
* Alice Marcondes é jornalista da Envolverde.