Os pesquisadores da área de meio ambiente da Itaipu Binacional começaram a fazer na semana passada o inventário florestal do Refúgio Biológico Binacional Maracaju, localizado em Mundo Novo (MS) e Salto del Guairá (Paraguai). O objetivo é avaliar o reflorestamento feito na área e o estado da regeneração natural. Um estudo similar já vendo feito nos outros dois refúgios biológicos da margem brasileira de Itaipu: Santa Helena e Bela Vista (em Foz do Iguaçu). O Maracaju é o único refúgio binacional da empresa.
“Nós temos todos os dados do que foi plantado aqui, mas não temos o registro dos processos ecológicos, ou seja, como a área evoluiu”, explica a engenheira florestal Veridiana Araújo Alves da Costa Pereira, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu. “Agora, estamos medindo a qualidade do trabalho de restauração, que considera a diversidade de espécies, o tamanho das árvores, se há formação de sub-bosque, entre outras informações”, explica. Este estudo vai mostrar, por exemplo, se é preciso fazer alguma intervenção, como a retirada de espécies exóticas ou o plantio de mais espécies nativas.
A saída de campo aconteceu na terça (10) e na quarta-feira (11). Como o trabalho é inédito, a primeira parte foi treinar a equipe da empresa terceirizada que vai ajudar nas medições. Eles foram orientados a demarcar as parcelas e as subparcelas. Uma parcela mede mil metros quadrados e é dividida em cinco retângulos de 200 m² (20 x 10 metros). O objetivo inicial é instalar 30 parcelas, totalizando uma área de 30 mil m² a ser estudada.
Com a área demarcada, começam as medições. São consideradas apenas as árvores acima de 15 cm de circunferência de tronco na “altura do peito”, ou seja, a 1,30 metro do solo. É medida com uma fita métrica a circunferência (para, posteriormente, calcular o diâmetro), estimada a altura e identificada a espécie. Com a altura e o diâmetro, os pesquisadores podem calcular o volume de madeira e gerar informações como, por exemplo, a quantidade de carbono sequestrada pela vegetação, um serviço ecossistêmico da floresta de grande importância para o combate às mudanças climáticas.
Já a identificação das espécies mostra a diversidade da floresta, tanto em relação às árvores plantadas no passado quanto à regeneração natural. “Encontramos espécies que não foram plantadas, mas trazidas por morcegos, aves e mamíferos”, conta Veriadiana, dando como exemplo o figo do mato (Guarea kunthjana), espécie disseminada por morcegos.
A experiência do técnico de campo de Itaipu Jorge Borges dos Santos ajuda a identificar as espécies. “Criado no mato”, ele aprendeu desde criança a reconhecer as características das plantas para nomeá-las. “Eu olho primeiro a casca e as folhas e, se for o caso, as flores e os frutos. Quando o dia está mais limpo, fica mais fácil identificar”, resume. (#Envolverde)