Por Reinaldo Canto especial para a Envolverde* –
Ao comemorar o plantio de 24 milhões de árvores a segunda maior hidrelétrica do mundo mostra o caminho da sustentabilidade
Foram enormes os impactos socioambientais causados lá no final dos anos 70 do século passado para fazer da Itaipu Binacional a maior usina hidrelétrica do mundo (hoje superada apenas pela chinesa Três Gargantas). Era a época do Brasil grande capitaneada pelas obras de infraestrutura do regime militar (1964-1985).
Desde então numa trajetória de sucesso não apenas na geração de energia para os dois países (mais de 10% do Brasil e cerca de 88,5% de toda energia elétrica consumida no Paraguai), foi se consolidando ao longo do tempo como um ator fundamental para o desenvolvimento sustentável da região ao longo do rio Paraná onde está localizada a usina no município de Foz do Iguaçu, no lado brasileiro.
Esse protagonismo resultou na histórica marca atingida neste final de ano ao chegar a 24 milhões de árvores plantadas ao longo de 1.400 quilômetros em áreas protegidas.
O trabalho teve início há 42 anos inicialmente com a implantação das florestas ciliares para a proteção das margens no entorno do reservatório e foi se consolidando com a criação de refúgios biológicos. E desde os anos 80 começou uma parceria com os proprietários rurais participando de ações de restauro por meio de sistemas agroflorestais (que contemplam produção agrícola com proteção florestal que visam preservar os serviços prestados pela natureza).
Desde então, as ações só se ampliaram assim como os parceiros incluindo comunidades, municípios da região e empresas especializadas em restauração, agroflorestas e conservação ambiental.
Essa dedicação fez com que no ano de 2019, o programa Homem e Biosfera da ONU – Organização das Nações Unidas reconhecessem as áreas protegidas pela Itaipu como área núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Outro importante reconhecimento foi feito pela ONG SOS Mata Atlântica que em 2017 divulgou que Itaipu era a principal responsável pela regeneração e recuperação de florestas no Paraná.
Benefícios para todos
Obviamente, a prioridade da usina é a preservação dos recursos hídricos, a água limpa, que garante o funcionamento da gigante Itaipu, mas também é claro que esse cuidado acaba por beneficiar comunidades, empresas e até ajudar na geração de emprego e renda não ligados diretamente a atividade da usina.
É um exemplo que deveria chamar a atenção em todo o país nessa altura da nossa história em que ainda existem aqueles que contestam os benefícios da preservação ambiental. Afinal, ao cuidar da natureza, restaurando matas ciliares, plantando árvores e criando corredores de biodiversidade conectando fragmentos da Mata Atlântica e unidades de conservação do bioma, os ganhos são inúmeros e as famílias que vivem nas cidades e no campo são contempladas com mais qualidade de vida.
Exemplo disso é o pescador José Amâncio Rodrigues, da localidade Santa Terezinha de Itaipu, na Colônia São Pedro, as margens da represa da Itaipu. Zé Barba, como é conhecido, disse que no lago é possível encontrar muitas espécies de peixes, entre eles, tucunaré e surubim e chega a pescar até 80 quilos por mês.
Na mesma área a qualidade da floresta, a água limpa e as margens preservadas são atrativos para atividades de turismo que contribuem para movimentar a economia da região.
Para o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu Binacional, Ariel Scheffer, “o trabalho possui uma atuação sistêmica e passa por todos os 17 ODS (os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável https://brasil.un.org/pt-br/sdgs) , mas claro, principalmente pelos ODS 6 (água potável e saneamento) e ODS 7 (energia limpa e acessível)”.
O diretor de Coordenação da Itaipu Binacional, general Luiz Felipe Carbonell, reforçou a vocação de Itaipu para a conservação ambiental, “a boa qualidade da água e o cuidado com assoreamento do lago de Itaipu, entre outros, são questões que garantem o aumento da vida útil da usina por muitos e muitos anos”.
A preservação das espécies e o exemplo de Itaipu
A exuberante riqueza da Mata Atlântica tem sido foco do trabalho da Itaipu Binacional. O viveiro mantido pela usina é responsável pela produção de 350 mil mudas de espécies nativas anuais do bioma que são utilizadas nas áreas protegidas da própria empresa, mas também cedidas para agricultores da região.
Como dissemos no início desta matéria, Itaipu foi responsável por enormes impactos ambientais, o lago reservatório da usina inundou 1.350 km², incluídos aí o belíssimo Salto de Sete Quedas. Mas nesses mais de 40 anos de atividades, além de produzir energia para o desenvolvimento do país tem também adotado uma postura socioambiental invejável.
Bem, e se caso Itaipu não existisse, o que provavelmente teria acontecido na região? Para o gestor de Itaipu Ariel Scheffer, “provavelmente sérios problemas ambientais, pois haveriam mais pastos e agricultura extensiva com menos água e florestas”.
Melhor, então, ficar com o exemplo ambiental de Itaipu e que ele seja replicado por outras empresas para o bem de todos os brasileiros.
*O jornalista viajou a convite da Itaipu Binacional
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