Por Patrícia Kalil, especial para Envolverde –
Gracillius santana é o nome de uma espécie de ave que só foi registrada uma única indivídua no planeta Terra: dona Maria das Graças Alves Santana. O nome dessa espécie imaginária foi dado por seu filho, que identificou o canto e o jeito únicos dessa antropóloga, museóloga e artista popular.
Dona Maria das Graças trabalhou por 30 anos no Museu Paraense Emílio Goeldi como curadora da reserva técnica do acervo indígena. Depois, acompanhou por 15 anos a doutora Lourdes Furtado, que foi a grande mentora nas comunidades pesqueiras nas várzeas da Amazônia brasileira. Com tanta experiência colecionando artefatos, invenções e histórias, essa mulher sonhou e articulou a criação do Fórum de Museus de Base Comunitária da Amazônia. Figura marcante no X Fórum Social PanAmazônico, dona Gracillius santana conta sobre a importância dos Museus de Base Comunitária:
“O Museu Goeldi é um museu tradicional, com coleções que foram criadas com o esforço de vários pesquisadores. A museologia que eu aprendi lá foi uma. Agora estamos construindo essa museologia social, juntando a experiência que tive lá com a experiência que tenho adquirido nas vivências nas comunidades ribeirinhas. Essa nova vertente da museologia vislumbra mais a parte da defesa do território e proteção dos saberes dos povos”, explica Gracillius.
Com a missão de disseminar conhecimentos da museologia social, um canal no youtube (https://bit.ly/3Q1anB6) traz desde explicação de conceitos, promove seminários, encontros, além de apresentar mostras contemporâneas desses novos museus que estão surgindo em comunidades na floresta.
Para Vandria Borari, membra do conselho consultivo da Corporate Accountability e ativista na Campanha Global contra os Grandes Poluidores e por Justiça Climática, é fundamental propagar a iniciativa dos museus de base comunitária como forma de resistência. Vandria também é artista, ceramista e foi convidada para exposições em Basel, na Suíça, no ano passado.
“Muitas artes indígenas estão em museus espalhadas pelo mundo, fazem parte de acervos estrangeiros. Para nós, povos indígenas, nossa Arte não é estática. Nossa arte está no nosso dia a dia, no fazer de um remédio, na feitura de cerâmica, em nossos teçumes de fibras vegetais, tudo o que fazemos usamos no nosso dia a dia. Nossa arte está sempre viva”, deslinda Vandria.
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