Por Lúcia Chayb e René Capriles – revista Eco21 –
Editorial edição nº263
Para limitar o aquecimento global a 1,5°C é necessário implementar mudanças sem precedentes em todos os campos da sociedade, afirma o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na sua nova avaliação. “Limitar o aquecimento a 1,5°C em lugar de 2°C trará benefícios significativos para as pessoas e os ecossistemas naturais além de consolidar uma sociedade sustentável e equitativa”, declarou Hoesung Lee, Presidente do IPCC, no lançamento do “Informe Especial sobre os Impactos do Aquecimento Global de 1,5°C”, no dia 8 deste mês (Outubro) na cidade de Incheon, Coréia do Sul.
Com mais de 6.000 referências e a contribuição de centenas de cientistas, consultores independentes e governamentais de todo o mundo, este importante Informe revela a amplitude e a pertinência normativa do IPCC. 91 autores, editores e revisores de 40 países prepararam o Informe em resposta a uma solicitação da Convenção sobre Mudanças Climáticas quando foi aprovado o Acordo de Paris em 2015. Limitar o aquecimento global a 1,5°C reduzirá os graves impactos na saúde humana e facilitará a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
As decisões que tomaremos hoje serão decisivas para garantir um mundo seguro e sustentável para todos, tanto agora quanto no futuro. O Informe proporciona aos responsáveis das políticas nacionais a informação necessária para tomar decisões e enfrentar a mudança climática levando em consideração o contexto local e as
necessidades das pessoas. Os próximos anos serão, provavelmente, os mais importantes da nossa história.
André Ferreti e Carlos Rittl, do Observatório do Clima fizeram uma grave advertência: “O presidente eleito, independente da sua bandeira partidária, não poderá tratar com descaso a mudança climática que vive o nosso Planeta, o maior desafio da humanidade neste século. Contrariando o que muitos pensam, não é apenas de uma preocupação ambiental. Trabalhar pelo equilíbrio climático – seja em hábitos individuais, atitudes organizacionais ou políticas públicas – é determinante para questões como qualidade de vida, segurança alimentar, desenvolvimento econômico, investimentos, infraestrutura, defesa civil e muitas outras.
Precisamos correr contra o tempo. O clima está mudando e desafia o Brasil e todas as nações a se adaptarem. Contudo, o tema vem sendo praticamente ignorado na corrida presidencial e medidas extremas aventadas ao longo da campanha – como a possibilidade de sairmos do Acordo de Paris e a desestruturação de órgãos e mecanismos ambientais de extrema relevância para a conservação de nosso patrimônio natural – podem colocar abaixo conquistas ambientais históricas”.
Em Dezembro próximo, cientistas e diplomatas de todo o mundo se reunirão no antigo centro mineiro de carvão de Katowice, Polônia, para a COP-24, que é considerada a última chance de tornar o Acordo de Paris uma realidade. No Brasil, os eventos extremos do clima político gerado pelas eleições revelam que a COP-25 (pleiteada pelo nosso País para sediá-la) farão do desastre ambiental da barragem de Mariana uma pálida amostra do futuro que se prenuncia. Uma verdadeira tempestade para Caliban nenhum botar defeito, nem tampouco para Furacão, o deus dos ventos, das tempestades e do fogo descrito no Popol Vuh, que provocou o diluvio para destruir os homens. Os maias ainda lembram desta divindade nos momentos que mais temem a fúria da natureza. No Brasil, o furacão político atual, tal como Caliban, a criatura shakespeariana, faz tremer até os mais céticos.
Gaia Viverá!
(#Envolverde)