Por Observatório Pantanal –
Pantanal, um lugar de beleza ímpar, de riqueza natural, fonte de biodiversidade e água… Até quando?
A região pantaneira enfrenta a maior seca registrada nos últimos 60 anos e sofre ainda com os impactos dos incêndios que devastaram mais de 4,4 milhões de hectares da planície em 2020, cerca de 30% da sua área total (UFRJ/LASA/Prevfogo-Ibama).
Situado em maior parte no Brasil, mas ultrapassando as fronteiras e se estendendo pela Bolívia e o Paraguai, o Pantanal cria um elo trinacional na América do Sul, com uma área estimada em 195 mil km². É conhecido como um complexo de ecossistemas, com um encontro entre paisagens de Cerrado, Chaco, Amazônia, Mata Atlântica e Bosque Seco Chiquitano. Carrega títulos como a maior área úmida continental do planeta, Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera, mas que ainda não são suficientes para garantir a sua proteção total.
Organizações que atuam para a sua defesa vem constatando e alertando para os efeitos cumulativos negativos, que somados a um cenário de mudanças climáticas global e a fragilidade da política nacional ambiental, provocam a destruição em massa do Pantanal, seus cursos de água, seus povos, sua fauna e sua flora. Não é à toa que o mundo despertou uma atenção especial para a região no ano de 2020, quando viu arder a vegetação, os animais, as moradias, e as tempestades de cinzas cobrirem as paisagens e o Rio Paraguai, uma das principais fontes de água para quem ali vive e um rio que faz parte de um complexo sistema de áreas úmidas, que abastece de água doce outras bilhões de pessoas.
O Pantanal é caracterizado por seu pulso de inundação e depende das áreas de planalto. As cabeceiras que alimentam a planície pantaneira influenciam a dinâmica das águas na região e figuram como uma das principais preocupações para a sua manutenção e preservação. Em outras palavras, as ameaças à Bacia do Alto Paraguai (BAP) afetam diretamente a integridade do Pantanal.
O tema do Dia Mundial das Áreas Úmidas de 2021 – “Áreas Úmidas e Água” – vem como um pedido urgente, para recuperar e proteger as fontes de água doce como o Pantanal. A crise hídrica já é sentida em várias partes do globo, aumentando conforme as práticas de exploração do recurso natural, através da agricultura intensiva, a pecuária, as hidrelétricas, além da contaminação das águas pela mineração, os agrotóxicos e até mesmo pelas cinzas das queimadas, como vimos em um cenário sem precedentes em 2020.
Em plena pandemia mundial da Covid-19, os incêndios, a estiagem, e outros impactos supracitados, tomaram proporções significativas na saúde e na economia dos grupos e comunidades locais e tradicionais do Pantanal: problemas respiratórios; agravamento da condição de isolamento social; perdas de colmeias, rebanho; destruição de cercas, pontes e torres de transmissão de energia elétrica. São perdas cada vez mais difíceis de contabilizar.
O futuro do Pantanal dependerá de um amplo e articulado trabalho de restauração, prevenção e proteção. E, alinhados com a campanha mundial das áreas úmidas, o Observatorio Pantanal, rede formada por 39 organizações da sociedade civil atuantes em prol das questões socioambientais na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai na Bolívia, Brasil e Paraguai, celebra a data de 02 de Fevereiro com um apelo para o mundo, por um olhar mais atento à região, a cobrança de ações mais efetivas dos governos nacionais e estaduais, por uma união transfronteiriça e pela valorização da vida que o Pantanal representa.
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