O selo de inspeção federal e a autorização de manejo são conquistas de um processo de consolidação da cadeia de valor desenvolvido pelo Peabiru desde 2006
Sem abelhas não existe floresta. A afirmação contundente é seguida a risca pelo Instituto Peabiru em seus mais de 12 anos de pesquisas e desenvolvimento tecnológico no manejo de abelhas sem ferrão junto a agricultores familiares da Amazônia.As abelhas sem ferrão são um conjunto de espécies de abelhas originárias do Brasil ainda pouco compreendidas e valorizadas. Além da produção de mel, o principal trabalho das abelhas melíponas é polinizar, isto é, prover o serviço ambiental de garantir que haja a reprodução entre as espécies vegetais, que permite que estas frutifiquem e gerem sementes. A floresta e os ambientes naturais dependem destas abelhas para sua sobrevivência e muitas espécies comerciais, como açaí, cacau, cupuaçú e castanha do Pará também dependem delas como polinizadores.
Atuando desde 2006 na cadeia de valor das melíponas, este mês o Instituto Peabiru recebe o primeiro lote de mel produzido por abelhas sem ferrão (processo conhecido por meliponicultura), fruto da única cadeia certificada com selo de inspeção federal (SIF) e autorização de manejo pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente). Nos últimos anos o Peabiru tem se dedicado à atuação em temáticas que envolvem o beneficiamento da produção para comercialização, especialmente de produtos e serviços quem têm relação com a conservação da floresta e componentes ligados à origem, social e/ou territorial. “Nos territórios nos quais trabalhamos já há processos produtivos relativamente resolvidos e produtos com qualidade diferenciada. Ao mesmo tempo, existem mercados consumidores para tais produtos. O que falta é o link entre a produção e a comercialização”, diz Hermógenes de Sá, diretor-executivo do Instituto Peabiru.
Produto da Floresta bem perto do consumidor
Entre inúmeros exemplos de produtos típicos da região, como as frutas, farinhas e condimentos da Amazônia, o mel de abelhas sem ferrão se destaca por ser um produto de manejo simples, que é produzido em harmonia com a floresta e com grande potencial de comercialização. Fruto de longo trabalho e da atuação constante na assistência técnica e capacitação, de forma inédita no país, os produtores associados ao Peabiru conquistaram a autorização de manejo, necessária por serem as abelhas animais silvestres e também a certificação do mel com o Selo de Inspeção Federal (SIF). Este selo, um dos primeiros concedidos a produtos dessa natureza no Brasil, permite comercializar o mel de abelhas sem ferrão no mercado formal em todo o Brasil.
Todo este trabalho foi possível graças ao apoio de diferentes financiadores, em destaque BNDES/Fundo Amazônia, Fundação Banco do Brasil, Instituto GPA/Assaí, Bauducco, Programa Petrobras Socioambiental, Embaixada dos Países Baixos, Conservação Internacional, ABN AMRO Foundation e Sambazon. Entre os parceiros técnicos participam instituições como EMBRAPA Amazônia Oriental e Universidade Federal do Amapá (UFAP). (Instituto Peabiru/#Envolverde)