Por ONU Brasil –
Divulgado antes da COP28, relatório da ONU sobre mudança climática conclui que os planos nacionais de ação climática continuam insuficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius.
Se as metas nacionais mais recentes forem implementadas, os compromissos atuais aumentarão as emissões em cerca de 8,8%, em comparação com os níveis de 2010.
Também divulgado nesta terça-feira (14), o relatório sobre estratégias de longo prazo mostra que as emissões de gases de efeito estufa podem ser cerca de 63% menores em 2050 do que em 2019, se os compromissos nacionais forem totalmente implementados no prazo.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que é hora de uma “supernova” de ambição climática em todos os países, cidades e setores, alertando que “progresso de centímetro a centímetro não será suficiente”.
Para o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Simon Stiell, “É hora de mostrar os enormes benefícios de uma ação climática mais ousada: mais empregos, salários mais altos, crescimento econômico, oportunidade e estabilidade, menos poluição e melhor saúde.”
Novo relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) conclui que os planos nacionais de ação climática continuam insuficientes para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius e cumprir as metas do Acordo de Paris.
Mesmo com o aumento dos esforços de alguns países, o relatório divulgado nesta terça-feira (14/11) mostra que ações contundentes são necessárias agora para reduzir a trajetória das emissões mundiais e evitar os piores impactos da mudança climática.
“O relatório de hoje mostra que os governos, juntos, estão dando passos tímidos para evitar a crise climática. E revela por que os governos precisam dar passos decisivos na COP28 em Dubai, para entrar no caminho certo. Isso significa que a COP28 deve ser um ponto de virada claro. Os governos não só devem concordar sobre quais ações climáticas mais robustas serão tomadas, mas também começar a mostrar exatamente como implementá-las.”
– Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), 14 de novembro de 2023.
O relatório tem como objetivo informar a próxima rodada de planos de ação climática previstos pelo Acordo de Paris (conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou “NDCs”), que serão apresentados até 2025.
A Convenção-Quadro analisou as NDCs de 195 Estados-parte do Acordo de Paris, incluindo 20 NDCs novas ou atualizadas apresentadas até 25 de setembro de 2023.
Se as últimas NDCs disponíveis forem implementadas, os compromissos atuais aumentarão as emissões em cerca de 8,8%, em comparação com os níveis de 2010. Essa é uma melhora marginal em relação à avaliação do ano passado, que constatou que os países estavam em um caminho para aumentar as emissões em 10,6% até 2030, em comparação com os níveis de 2010.
Projeta-se que, até 2030, as emissões estarão 2% abaixo dos níveis de 2019, destacando que o pico das emissões globais ocorrerá nesta década.
“O relatório divulgado hoje mostra claramente onde o progresso está muito lento. No entanto, ele também apresenta a ampla gama de ferramentas e soluções apresentadas pelos países. Bilhões de pessoas esperam que seus governos peguem essa caixa de ferramentas e as coloquem em prática”, disse Stiell.
As evidências científicas mais recentes compiladas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que as emissões de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas em 43% até 2030, em comparação com os níveis de 2019. Isso é fundamental para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau Celsius até o final deste século e evitar os piores impactos da mudança climática, inclusive secas, ondas de calor e chuvas mais frequentes e severas.
Para atingir o pico de emissões antes de 2030, diz o relatório, “os elementos condicionais das NDCs precisam ser implementados, o que depende principalmente do acesso a recursos financeiros aprimorados, transferência de tecnologia e cooperação técnica e apoio à capacitação, bem como da disponibilidade de mecanismos baseados no mercado”.
“Precisamos reconstruir a confiança no processo de Paris, o que significa cumprir todas as obrigações, especialmente em relação ao financiamento, o grande facilitador da ação climática. E garantir que estejamos aumentando a resiliência aos impactos climáticos em todos os lugares”, afirmou Simon Stiell.
“O relatório síntese dos planos climáticos nacionais de hoje ressalta a necessidade de agirmos com maior ambição e urgência para cumprir as metas do Acordo de Paris – simplesmente não há mais tempo para atraso. A COP28 deve ser um ponto de virada histórico nesta década crítica para que os Estados-parte aproveitem o momento da revisão global das metas para se comprometerem a aumentar sua ambição e se unirem, agirem e apresentarem resultados que mantenham o 1,5C ao alcance, sem deixar ninguém para trás.”
– Sultan Al Jaber, presidente designado da COP28.
“Os NDCs continuam sendo a pedra angular de nossa visão compartilhada para atingir as metas de Paris, incluindo a manutenção da meta de menos de 2 graus e a aspiração de limitar o aumento para menos de 1,5 grau”, disse o presidente da COP27 e ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry.
“Em Sharm El-Sheikh, líderes discutiram várias iniciativas para nos ajudar a alcançar esse objetivo, além de ajudar o Sul Global a adaptar suas economias de acordo. Precisamos manter o ritmo, pois não há tempo a perder ou perder o foco na meta. É essencial, enquanto perseguimos nosso compromisso, continuar a buscar a justiça climática e ajudar o Sul Global, que é o que menos contribui com emissões, mas que suporta os efeitos mais cruéis das mudanças climáticas, não apenas a sobreviver, mas também a fazer a transição para uma economia mais sustentável por meio de caminhos de transição justa”.
– Sameh Shoukry, presidente da COP27 e ministro das Relações Exteriores do Egito.
Estratégias de desenvolvimento de baixa emissão a longo prazo
Um segundo relatório da ONU sobre estratégias de desenvolvimento de baixas emissões a longo prazo, também divulgado hoje, analisou os planos dos países para fazer a transição para emissões líquidas zero até meados do século ou por volta disso.
O relatório indicou que as emissões de gases de efeito estufa podem ser cerca de 63% menores em 2050 do que em 2019, se os compromissos nacionais forem totalmente implementados no prazo.
As estratégias de longo prazo atuais (representando 75 Partes do Acordo de Paris) correspondem a 87% do PIB mundial, 68% da população global em 2019 e cerca de 77% das emissões globais de gases de efeito estufa em 2019. Isso é um forte indicativo de que o mundo está começando a buscar emissões líquidas zero.
O relatório observa, no entanto, que muitas metas de emissões líquidas zero permanecem incertas e adiam para o futuro ações críticas que precisam ocorrer agora.
A COP28, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança Climática, ocorrerá em Dubai, Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano.
(Envolverde)