Ambiente

Pesquisa indica necessidade urgente de expansão da conservação de áreas naturais nos Estados Unidos

Novo estudo afirma que as áreas protegidas existentes não coincidem com as prioridades da biodiversidade. País possui elevado número de espécies únicas e raras que ainda não estão protegidas

06/04/2015 – Uma nova pesquisa publicada no início de abril na revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostra a necessidade urgente de os Estados Unidos ampliarem a proteção da biodiversidade no País. De acordo com o estudo, coordenado pelo professor visitante e pesquisador da ESCAS/IPÊ*, Clinton Jenkins, as terras protegidas que existem no país – federais e privadas – em sua maioria, não coincidem com as prioridades da sua biodiversidade. Muitas regiões que são ricas em espécies únicas ou raras, como o Sudeste e os Apalaches do sul, têm níveis insuficientes de proteção.

Usando uma análise detalhada de mais de 3.000 espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes de água doce, e as árvores do país, os autores do artigo concluíram que a área total protegida em 48 estados é substancial (cerca de 8%) mas não está localizada onde espécies únicas do país (endêmicas) se concentram. Assim, os pesquisadores apresentam uma coleção de novos mapas da biodiversidade e uma avaliação de prioridades para expandir a proteção da biodiversidade nos Estados Unidos.

Bluemask Darter (Etheostoma akatulo) uma espécie rara de peixe, listada como em perigo e restrita ao Caney Fork River ecossistema de Cumberland River, Tennessee. Foto:  John (Bo) Baxter
Bluemask Darter (Etheostoma akatulo) uma espécie rara de peixe, listada como em perigo e restrita ao Caney Fork River ecossistema de Cumberland River, Tennessee. Foto: John (Bo) Baxter

 

“A perda de habitat é a principal causa de extinções de espécies, assim, proteger os locais onde elas vivem é vital para salvar a vida no planeta. Os EUA têm protegido muitas áreas, mas têm que proteger locais biologicamente mais importantes. Hoje temos a informação para identificar os lugares mais importantes a serem conservados. O que é necessária é a vontade política e recursos para proteger o patrimônio biológico do país. Muitas destas espécies só existem em pequenas áreas e podem desaparecer do planeta, se não forem protegidas”, diz Jenkins. O pesquisador ressalta que, por conta de estas áreas estarem localizadas em terras públicas e privadas, serão necessárias ações em ambos os setores para haver grandes progressos na conservação.

Entre as muitas espécies avaliadas estão os ameaçados Bluemask Darter (Etheostoma akatulo), uma espécie rara de acesso restrito ao Caney Fork River no Tennessee, e Salamandra da Weller (Plethodon welleri), uma espécie restrita a grandes altitudes nas Montanhas Apalaches do sul.

Kyle Van Houtan, co-autor do estudo e ecologista da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) comenta: “Isso enfatiza a situação de espécies endêmicas e para os quais as áreas protegidas dos Estados Unidos são críticas para a sua sobrevivência. Enquanto eles não podem ser todos os rinocerontes, leões, e pandas, são essas espécies que são essenciais em seus ecossistemas que compõem a paisagem americana”.

“Estamos empenhados em encontrar as principais prioridades para a conservação de espécies e de meios eficazes para protegê-los. – Nos EUA e ao redor do mundo”, afirma outro co-autor, Stuart Pimm, professor na Universidade Duke, na Carolina do Norte. (Pimm e Jenkins são, respectivamente, presidente e vice-presidente da ONG SavingSpecies, uma organização dedicada a ajudar as comunidades ao redor do mundo a proteger espécies endêmicas).

Salamandra da Weller (Plethodon welleri), uma espécie restrita a grandes altitudes nas Montanhas Apalaches do sul. Foto: Kevin Hamed
Salamandra da Weller (Plethodon welleri), uma espécie restrita a grandes altitudes nas Montanhas Apalaches do sul. Foto: Kevin Hamed

 

Importância do estudo

De acordo com Edward O. Wilson, um dos maiores especialistas em biodiversidade no mundo, professor emérito da Universidade de Harvard e professor adjunto da Universidade de Duke, este é um dos mais importantes levantamentos sobre áreas protegidas dos Estados Unidos. “Este é o relatório científico mais importante da última década sobre a distribuição dos parques e da biodiversidade da América, com implicações para a futura política de conservação e uso da terra”, diz.

Mapas e resultados do estudo estão disponíveis aqui. (IPÊ/ #Envolverde)