Por Ciclo Vivo –
Plásticos, pesticidas, produtos químicos, antibióticos e outras substâncias colocam em risco a saúde do sistema terrestre.
Existem cerca de 350.000 tipos diferentes de produtos químicos fabricados no mercado global. Estes incluem plásticos, pesticidas, produtos químicos industriais, produtos químicos em produtos de consumo, antibióticos e outros produtos farmacêuticos. Estas são todas entidades totalmente novas, criadas por atividades humanas com efeitos amplamente desconhecidos no sistema da Terra. Volumes significativos dessas novas entidades entram no meio ambiente a cada ano.
Pela primeira vez, uma equipe internacional de pesquisadores avaliou o impacto na estabilidade do sistema terrestre do coquetel de produtos químicos sintéticos e outras “novas entidades” que inundam o meio ambiente.
Os 14 cientistas concluem na revista científica Environmental Science and Technology que a humanidade ultrapassou um limite planetário relacionado a poluentes ambientais, incluindo plásticos.
Foto: Pixabay
“Houve um aumento de 50 vezes na produção de produtos químicos desde 1950. Isso deve triplicar novamente até 2050”, diz a coautora Patricia Villarubia-Gómez, do Centro de Resiliência de Estocolmo. A produção de plástico sozinha aumentou 79% entre 2000 e 2015, relata a equipe.
O ritmo que as sociedades estão produzindo e liberando novos produtos químicos e outras novas entidades no meio ambiente não é consistente com a permanência em um espaço operacional seguro para a humanidade.
– Patricia Villarubia-Gómez
“A taxa em que esses poluentes estão aparecendo no meio ambiente excede em muito a capacidade dos governos de avaliar os riscos globais e regionais, e muito menos controlar quaisquer problemas potenciais”, diz a coautora Bethanie Carney Almroth, da Universidade de Gotemburgo.
Análise de “limites planetários”
Em 2009, uma equipe internacional de pesquisadores identificou nove limites planetários que demarcam o estado notavelmente estável em que a Terra permaneceu por 10.000 anos – desde o início da civilização. Esses limites incluem as emissões de gases de efeito estufa, a camada de ozônio, florestas, água doce e biodiversidade. Os pesquisadores quantificaram os limites que influenciam a estabilidade da Terra e concluíram em 2015 que quatro limites foram violados. Mas o limite para novas entidades era um dos dois limites que permaneciam não quantificados.
O conceito apresenta um conjunto de nove “limites planetários” dentro dos quais a humanidade pode continuar a se desenvolver e prosperar para as próximas gerações. | Gráfico em inglês: Stockholm Resilience Centre
Os pesquisadores dizem que há muitas maneiras pelas quais produtos químicos e plásticos têm efeitos negativos na saúde do planeta, desde mineração, fraturamento e perfuração para extrair matérias-primas até produção e gerenciamento de resíduos.
“Alguns desses poluentes podem ser encontrados globalmente, do Ártico à Antártida, e podem ser extremamente persistentes. Temos evidências contundentes de impactos negativos nos sistemas da Terra, incluindo a biodiversidade e os ciclos biogeoquímicos”, diz Carney Almroth
Plástico, o grande vilão
A produção de plástico aumentou 79% entre 2000 e 2015 | Foto: Unsplash
A produção global e o consumo de novas entidades devem continuar a crescer. A massa total de plásticos no planeta é agora mais do dobro da massa de todos os mamíferos vivos, e cerca de 80% de todos os plásticos já produzidos permanecem no meio ambiente.
Os plásticos contêm mais de 10.000 outros produtos químicos, de modo que sua degradação ambiental cria novas combinações de materiais – e riscos ambientais sem precedentes. A produção de plásticos deve aumentar e as previsões indicam que a liberação de poluição plástica no meio ambiente também aumentará, apesar dos enormes esforços em muitos países para reduzir o desperdício.
Mudando para a economia circular
Os pesquisadores concluem que as atuais tendências crescentes de produção e liberação de produtos químicos colocam em risco a saúde do sistema terrestre. Os autores pedem ações para reduzir a produção e liberação de poluentes.
“Precisamos trabalhar para implementar um limite fixo na produção e liberação de produtos químicos”, diz Carney Almroth.
“E mudar para uma economia circular é realmente importante. Isso significa mudar materiais e produtos para que possam ser reutilizados e não desperdiçados, projetar produtos químicos e produtos para reciclagem e uma triagem muito melhor de produtos químicos para sua segurança e sustentabilidade ao longo de todo o caminho de impacto no sistema da Terra”, acrescenta Sarah Cornell, do Centro de Resiliência de Estocolmo.
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