por Caru Schwingel –
Às 16h desta quarta-feira, 04 de janeiro, a ambientalista Marina Silva tomou posse do Ministério do Meio Ambiente no Salão Nobre do Palácio do Planalto em uma das cerimônias mais concorridas do terceiro governo Lula. Mais de mil pessoas acompanharam a ex-ministra, ex-senadora, a companheira de Chico Mendes, ex-seringueira, a mulher que foi arrimo de família e encontrou na política a forma ampla de atuar pelo bem comum retornar ao Ministério que conduziu de 2003 a maio 2008.
Seu retorno representa a capacidade política do presidente Lula em integrar competências e talvez reconhecer equívocos. Marina se demitiu em um dia 13 por divergir de um modelo de desenvolvimento não-sustentável para a Amazônia e Brasil.
De empregada doméstica a senadora, de seringueira a líder sindical, de menina analfabeta a Ministra, Marina representa a mulher brasileira filha, irmã, mãe, religiosa, líder. A base familiar que suave e amorosamente ali está em acolhimento e sustentação. A fala suave que, mesmo interrompida, respira e retoma com a mesma força e entonação. Marina representa a feminilidade em sua essência.
Quando as redes sociais não existiam, quando não haviam mulheres em movimentos de apoio, quando o jornalismo mal cobria Brasília e a TV Senado foi criada, Marina no plenário com sua fala de mulher amazônica, com seu sotaque e palavras trocadas era desconsiderada por Jucás, Cabrais, Ornellas e “digníssimos”. Não há mulher em posição de igualdade que não saiba o que é ser interrompida ou ter sua voz e ideias desmerecidas por homens em conluio. Com seu olhar, sua postura, sua permanência e resiliência, Marina evidenciou e representa a possibilidade política da dignidade feminina.
A posse de agora é um grande resgate, o reconhecimento da alma feminina brasileira, uma regeneração para as mulheres progressistas deste país, em nossos valores, principalmente para aquelas aviltadas nestes últimos quatro anos juntamente com as políticas ambientais sustentáveis deste país. (#Envolverde)
