Por Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) –
No início de 2019, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2021-2030 a Década das Nações Unidas sobre Restauração de Ecossistemas.
Convocado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, o plano é remover da atmosfera até 26 gigatoneladas de gases de efeito estufa, trazendo pelo menos 350 milhões de hectares de paisagens degradadas a recuperação ativa até 2030.
Foi com otimismo que uma reunião do Fórum Global de Paisagens em setembro em Nova York começou com a Diretora Geral da Alemanha pela Conservação da Natureza e Uso Sustentável de Recursos Naturais e Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear no Ministério Alemão (BMU), Christiane Paulus, anunciando apoio às atividades da Década.
Em seguida, a Diretora Executiva do PNUMA, Inger Andersen, elogiou a “liderança fenomenal” que a Alemanha demonstrou ao se comprometer com a Década e alertou que a mudança deve atrair a ação de todos na restauração.
“É muito claro que precisamos mudar nossos hábitos e mudar nossa interação com a natureza”, disse ela. “Nesta sala temos energia, comprometimento, soluções. Nós podemos fazer isso. Então, façamos”, disse ela.
Ela observou a importância de ambas as frentes -da conservação das florestas remanescentes, e de outros habitats naturais, e as necessidades de restauração- para levar a agenda de restauração adiante.
“A natureza é nossa maior aliada e está sob ameaça”, disse ela. 3,2 bilhões de pessoas já são afetadas pela degradação da terra. A cada ano, 10% do Produto Interno Bruto é perdido devido à erosão do solo, à poluição e à perda de biodiversidade, causada principalmente pela agricultura insustentável.
“Há um custo humano, ambiental e econômico para a degradação da terra”, disse ela, “mas a natureza também é a solução”.
“Apertem os cintos de segurança”, incitou. “Temos em nossas mãos essa responsabilidade assustadora, essa responsabilidade impressionante, de mudar para sempre a própria trajetória do nosso planeta”.
O plantio de árvores e a redução de emissões de carbono andam juntos, e são necessárias ações em todos os setores para tornar as cidades mais verdes e reduzir as temperaturas. “Porque quando protegemos a natureza, a natureza nos protege”, afirmou.
Os cientistas dizem que restaurar as florestas do mundo plantando um trilhão de árvores é o meio mais promissor e econômico de combater as mudanças climáticas. Mas isso deve ser feito da maneira certa, com as árvores, o lugar e tempo adequados.
Além de sequestrar carbono, essas árvores podem proteger contra eventos climáticos extremos; beneficiar espécies ameaçadas; e levar abrigo, comida, dinheiro e preservação cultural às comunidades ao redor do mundo.
Restauração inclui a criação de empregos verdes
“A década da restauração deve incluir co-benefícios para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que vão muito além da mudança climática”, disse Tim Christophersen, Chefe do Setor de Água Doce, Terra e Clima do PNUMA e Coordenador da Década da ONU.
“A restauração inclui a criação de empregos verdes, a restauração da biodiversidade, auxílio aos agricultores a obterem melhores rendas, estabilização do suprimento de água para as grandes cidades e estabilização do suprimento de alimentos”, disse ele.
“A Diretora Executiva do PNUMA deixou claro que US$ 800 bilhões para restaurar 350 milhões de hectares parece muito dinheiro, mas realmente não é”, ele acrescentou, falando no Fórum Global de Paisagens.
“São dois anos de subsídios aos combustíveis fósseis. Portanto, temos que ajudar os países a redirecionar o dinheiro público e incentivar mais dinheiro privado a ir na mesma direção, em direção à natureza e à restauração”.
“O mesmo poderia ser dito para os subsídios agrícolas. O mundo gasta cerca de 1 milhão de dólares por minuto em subsídios agrícolas que muitas vezes provocam a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas. Podemos reprogramar esses subsídios para regenerar a agricultura e a restauração”.
“Existe uma nova tecnologia incrível que ajuda grandes fundos a ajudar pequenos agricultores, através de blockchain, por exemplo. Portanto, agora temos a arquitetura para permitir que até os pequenos agricultores acessem o capital, mas todo o tipo de investimentos ainda são necessários. O poder exclusivo da ONU é reunir, dar orientações políticas muito claras, incentivar sinais de mercado e a mudança de políticas fiscais”.
Philippe Zaouati, CEO da Mirova, um banco de investimentos que ajuda empresas a direcionar investimentos globais para minimizar riscos com maior responsabilidade, disse:
“Precisamos olhar para o nível macro e micro. Costumávamos olhar para grandes investimentos e empresas. Diante de novos modelos econômicos que ainda não atingiram o nível de maturidade … precisamos que atores públicos e do setor privado trabalhem juntos”.
“Hoje, a maior parte do dinheiro ainda está destinada a investimentos tradicionais” ele adicionou. “Temos que criar novos índices, novos marcos e novas metas, e investir no mundo que desejamos ver nas próximas décadas”.
Outros apontaram grandes esforços e ações em soluções já em andamento. Susan Chomba, cientista social do Centro Agroflorestal Mundial, disse que são necessárias pesquisas para fornecer aos formuladores de políticas “evidências concretas” sobre o potencial de restauração.
“Não se trata apenas do plantio de árvores, mas a restauração inclui o gerenciamento de gado … para restaurar terras degradadas. A restauração da terra é para as pessoas … podemos compreender suas necessidades e aspirações de subsistência … trazer mulheres para a conversa”.
Stephen Fern, Presidente do Conselho da Arca G9, falou do programa de green-up da Grand African Savannah, um projeto de US $ 85 milhões para apoiar dois milhões de famílias a restaurar dois milhões de hectares nos próximos 5 anos – o maior projeto de restauração de base na África subsariana.
“Greta [Thunberg] pediu à minha geração para que agíssemos como se a casa estivesse pegando fogo”, disse ele. “Bom, os bombeiros estão aqui”, disse ele.
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