por Renata G. Ferreira –
No dia 05 de julho de 2019 Paraty e Ilha Grande receberam o primeiro título de Cultura e Biodiversidade Patrimônio Mundial Misto do Brasil, que faz com que não apenas as riquezas naturais sejam valorizadas, mas também as riquezas culturais, já que na região conseguimos encontrar a cultura africana, caiçara e indígena interagindo entre si e, vivendo de maneira harmônica com a natureza que os cerca.
Filme de apresentação de Paraty e Ilha Grande. Veja no final do texto quem são os responsáveis por essa linda peça.
É importante ressaltar que em outubro de 2017 Paraty já havia ganho o título de Cidades Criativas da Unesco através da sua gastronomia, que também têm uma variedade enorme de cultura e sustentabilidade.
Ao receber o título a cidade ficou muito animada e positiva em relação aos avanços que isto pode trazer não só ao turismo sustentável, mas também ao desenvolvimento sustentável da cidade. Mas essa preocupação em unir o turismo com o desenvolvimento sustentável não vem apenas após o recebimento do título de Patrimônio Misto, ela já faz parte do histórico de uma sociedade civil que vêm lutando pelo bem-estar da região desde os anos 2000 através do Fórum Dlis que discutia sobre essas questões, e em 2009 com o advento da Agenda 21 escolar, ouve uma unificação e surgiu então a Agenda 21 Fórum Dlis.
Sociedade civil como atores principais do turismo sustentável
Hoje a Agenda 21 Fórum Dlis tem como um dos focos a aproximação dos produtores rurais e dos empreendedores da cidade, e o outro é a questão do turismo sustentável, onde um dos principais projetos é o Passaporte Verde, outro projeto que merece destaque é o da Gastronomia Sustentável, projetos estes que certificam estabelecimentos sustentáveis.
Movimentos civis deste formato mostram o tamanho do impacto que a sociedade pode gerar ao desenvolvimento da sua cidade, Catarina Espósito Cruz, coordenadora executiva da Agenda 21, e com apenas 26 anos, participante desde seu tempo de escola, diz que é necessário mais do que conscientizar, já que existem muitas pessoas que são conscientizadas, mas não partem para ação. Hoje o número de participantes ainda varia muito e é baixo comparado ao tamanho da cidade, apesar disso, na última assembleia em 18/07/2019 estavam presentes 30 participantes, entre eles se encontravam representantes de importantes entidades com poder de engajamento, como o ICMBio, Fórum de Comunidades Tradicionais, representantes da Gastronomia Sustentável, Paraty Convention & Visitors Bureau, e o poder público.
Ter a Agenda 21 é fundamental para o turismo sustentável de Paraty, que há alguns anos busca que o turismo de base e comunitário seja o diferencial que a cidade pode oferecer. Com diversas culturas presentes, o respeito e o diálogo delas com o turista é de extrema importância para que estes entendam o território que estão adentrando, e tenham o mesmo cuidado que as comunidades aqui têm com a região. A Agenda 21 tem então como papel trazer as questões das agendas de sustentabilidade da ONU, gerando discussão e convidando essas comunidades e a sociedade em geral a olharem para estes aspectos.
Mas o poder dos impactos da Agenda 21 se dá principalmente aos cidadãos, que se fortalecem e conseguem promover mudanças, como a Analu, da Associação de Escunas, que este ano conseguiu que todas as embarcações dispensassem o uso de descartáveis, um grande avanço para a atual luta quanto à redução de uso do plástico.
A secretaria do meio ambiente de Paraty, desde 2018 vêm fazendo um planejamento de como mitigar os impactos ambientais, fato que está ligado diretamente ao aumento do turismo, que pode ser prejudicial para a região caso não haja uma boa gestão. Para isso, a Mônica Nemer, Secretária do Meio Ambiente, diz ser necessário fazer de fato uma gestão da biodiversidade, da cultura viva, e do turismo, sempre em conjunto com a esfera federal, municipal, estadual, e sociedade civil organizada e não organizada, visando a qualidade do turismo, a qualidade de vida, e o desenvolvimento sustentável.
O que muda para Paraty e Ilha Grande
Receber o título de Cultura e Biodiversidade Patrimônio Mundial Misto do Brasil faz com o mundo inteiro tenha olhares para este lugar de tanta diversidade e riqueza, gerando possibilidades de investimentos, como também uma cobrança muito séria para que o plano de gestão sustentável seja comprido, auxiliando assim que haja mais cuidado em relação à preservação. Além disso, o próprio turista começa a entender o valor da região que está visitando, fortalecendo assim o turismo de baixo impacto.
Está titulação nos mostra o quanto podemos avançar quando há diálogo e ação na própria comunidade e poder público, dando forças para o desenvolvimento sustentável, e possibilitando que os turistas possam conhecer e aproveitar o destino com maior consciência e preservação.
(#Envolverde)