Apesar da queda nas taxas de desmatamento, a Amazônia continua a apresentar um patamar elevado de destruição e se aproxima do que os cientistas chamam de “ponto de não retorno”. Para evidenciar a gravidade e a urgência dessa situação, o WWF-Brasil ouviu cientistas, indígenas e coletores de sementes que vivem no bioma e produziu o curta documental “Ponto de Não Retorno da Amazônia“. O filme, que estará disponível nos canais digitais da organização ainda em 2024, destaca a crescente ameaça do desmatamento na região e os riscos associados a essa devastação.
Ponto de não retorno é o conceito que define um limite a partir do qual não é mais possível voltar às condições anteriores. No caso da floresta amazônica, refere-se ao grau de destruição a partir do qual ela não conseguirá mais suportar alterações ou se regenerar de forma natural. Cerca de 14% e 17% da floresta amazônica já foi completamente desmatada e 17% está degradada. Se isso continuar acontecendo, perderemos os serviços ecossistêmicos dos quais o Brasil, o continente sul-americano e o mundo dependem, tais como captura de carbono, regulação do clima e contribuição para o regime de chuvas. Caso o desmatamento continue no ritmo das últimas décadas, a obra alerta para a possibilidade de perda do bioma que abriga 10% da biodiversidade global, ressaltando a urgência de ações para proteger esse ecossistema vital.
“A gente trabalha aqui nessa floresta há mais de 30 anos. Então, temos um longo históricode coletas de dados e informações que puderam nos mostrar o que está acontecendo. A mortalidade das árvores está mais intensa do que o normalmente esperado”, destaca a pesquisadora Beatriz Schwantes Marimon.
“É um alerta que nos diz: ainda dá tempo. Mas, se não fizermos nada agora, em breve não teremos mais esse tempo”, acrescenta o pesquisador Ben Hur Marimon Junior.
O documentário
O documentário é uma resposta à rapidez e à gravidade da degradação ambiental do bioma e enfatiza a necessidade de ações para evitar que a Amazônia alcance um estado irreversível de destruição. Reúne depoimentos de pessoas que vivenciam a realidade do bioma, abordando os impactos sobre a vida de 47 milhões de indivíduos, incluindo 511 grupos indígenas. Entre os entrevistados, além de Ben Hur e Beatriz Marimon, que há mais de 30 anos estudam áreas da Amazônia em Mato Grosso e no Pará que estão em distintos estágios de conservação, o WWF-Brasil ouviu os cientistas David Roberto Galbraith e Antônio Carlos Lola da Costa. O documentário também conta com a participação de Milene Alves, da Associação Rede de Sementes do Xingu, Ermínio Nascimento, coletor de sementes, e dos líderes indígenas Crisanto Rudzö Tseremey’wá e Luiz Carlos Tserewatsitsi Tseremey’wá, da Aldeia Três Marias, da TI Parabubure/ MT.
Mauricio Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil enfatiza que “se continuarmos nesse ritmo de destruição na Amazônia, superaremos o ponto de não retorno do bioma ainda na primeira metade deste século. Já existem sinais de que isso está acontecendo em suas bordas, na fronteira com regiões de produção agropecuária, onde a floresta já emite mais carbono do que capta. Para o Brasil, a perda da Amazônia implica em altíssimos riscos para a segurança alimentar e energética do país, cuja economia é dependente dos serviços ecossistêmicos fornecidos pela floresta”, finaliza.
Confira aqui o trailer do curta documental.