Por Edson Capoano, pesquisador e professor da ESPM-SP –
Terminou nesta sexta (1) a Conferência das Partes no Convênio sobre Diversidade Biológica – COP16, em Cali, Colômbia. Durante o evento, especialistas e líderes internacionais discutiram a necessidade urgente de políticas integradas que abordem as crises climática e de biodiversidade de forma coordenada.
Também acaba de ocorrer o período eleitoral brasileiro, de 16 de agosto a 25 de novembro, que elegeu prefeitos e vereadores de 5.570 municípios. Aqui, a falta de atenção às mudanças climáticas e à defesa do meio ambiente foi alarmante. Levantamento feito pela GloboNews* revelou que 37% dos candidatos a prefeituras das capitais brasileiras sequer mencionam mudanças climáticas em seus planos de governo.
Na COP16, a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, enfatizou que a natureza e o clima são interdependentes e que a proteção de um não pode ser dissociada da proteção do outro. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, ressaltou no discurso de abertura o lema do evento, “Paz com a Natureza”: “fazer as pazes com a natureza é a tarefa definidora do século 21”.
Já nos planos de governo dos candidatos a prefeitos no Brasil, a inércia sobre mudanças climáticas e proteção da biodiversidade se revelaram de diferentes formas. Desde a ausência completa de propostas, passando por formas superficiais com que mencionam o desafio climático ou ausência de planos concretos e estruturados de enfrentamento da crise em curso.
A COP16 destacou a importância de integrar as agendas das mudanças climáticas com a da biodiversidade. Tal convergência é apontada como essencial para enfrentar o que se entende como uma crise planetária tripla: climática, biodiversidade e poluição.
O Brasil aprendeu essa relação na prática, durante o primeiro semestre de 2024. Em abril, tivemos as inundações que arrasaram o Rio Grande do Sul. Em agosto, batemos o recorde de queimadas no Pantanal e na Amazônia em 20 anos. Durante mais de 100 dias, tivemos a pior estiagem dos últimos 44 anos. Mesmo assim, futuras enchentes, secas e queimadas serão tratadas como “fenômenos nunca vistos em intensidade” pelos gestores públicos, evidenciando seu despreparo em mitigação e adaptação de nossas cidades.