A percepção de que a civilização humana está em uma trajetória trágica não é nova. No livro “A Civilização em risco – A humanidade na contramão do equilíbrio ecológico”, do economista e pesquisador Marcus Eduardo de Oliveira, logo nas primeiras páginas o leitor encontra o alerta do geneticista francês Albert Jacquard (1925-2013): “estamos fabricando uma Terra na qual ninguém de nós gostaria de viver”.
Todos os finais de ano, tão certo quanto as compras de Natal, o mundo assiste à realização de uma COP climática onde se repete a necessidade de redução das emissões de carbono, um mantra repetido à exaustão. Governos e empresas reagem com a clássica resposta que as mães dão aos desejos das crianças: “na volta a gente compra”.
Esta COP, de 2024, já começa esvaziada. Com um sentimento de desalento em relação ao futuro das metas climáticas de Paris, principalmente pela recente eleição do Donald Trump nos Estados Unidos. Lembrando que em seu primeiro mandato como presidente ele retirou a assinatura de seu país do acordo assinado por 195 países comprometendo-se a manter a elevação média da temperatura global abaixo de 1,5ºC.
A Conferência das Partes (COP29) da UNFCCC, que tem início em Baku deve enfrentar o fato inconveniente de que entre junho de 2023 e maio de 2024, a média da temperatura global é a mais elevada já registada, tendo atingido 1,63°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.
Eventos climáticos extremos nas mais diversas partes do planeta servem apenas para confirmar que a humanidade ultrapassou os limites de resiliência do planeta. É hora de se levar a sério alerta feito em meados do século 17 pelo filósofo Baruch Spinoza (1632-1677): “A natureza não tem juízo de valor moral, a natureza apenas produz consequências”