Antes mesmo de ser eleito, Donald Trump já havia reforçado seu compromisso em priorizar a produção de energia sobre as preocupações ambientais, revivendo o slogan “Drill, baby, drill”.
Já no Brasil, em entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a demora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente na autorização para exploração de petróleo na Foz do Amazonas: “O que não dá é ficar nesse lenga-lenga, o Ibama é um órgão do governo e está parecendo que é um órgão contra o governo”, afirmou.
A Foz do Amazonas, localizada a cerca de 400 km da costa do Amapá, é uma área cobiçada pela Petrobras para perfurações exploratórias. Lula declarou que o governo não fará “nenhuma loucura ambiental”, mas defendeu a pesquisa para verificar a viabilidade econômica do petróleo na região.
O presidente afirmou que o governo não quer poluir, mas também não pode deixar o Amapá na pobreza se houver petróleo na região. Ele destacou que é uma questão de bom senso e que o Brasil deve ser responsável pela exploração de seus recursos naturais.
Apesar de parecer que o “lenga-lenga” seja o equivalente tupiniquim ao “drill, baby, drill”, há diferenças consideráveis de contexto. Enquanto os EUA rumam a uma desregulamentação total nas normas ambientais, o Brasil reestruturou o Ibama após o desmonte realizado durante o governo Bolsonaro (2019-2022).
Ainda assim, é temerário que qualquer decisão sobre a Foz do Amazonas seja baseada apenas no argumento econômico. Se levada a ferro e fogo, a perfuração de poços na Amazônia pode gerar danos ambientais tão ou mais graves que a ação dos EUA em seu território. Pressionar o Ibama por uma liberação soa como dizer “cavem, companheiros, cavem”.