Política Pública

Cientistas e laureados pressionam o Prêmio Nobel para desinvestir dos combustíveis fósseis

Vencedores do Prêmio argumentam que os investimentos que destroem o clima contradizem os desejos de Alfred Nobel. 

Por Redação da Envolverde – 

ESTOCOLMO, SUÉCIA – Em uma carta divulgada hoje, antes da cerimônia do Prêmio Nobel 2016, cientistas e outros vencedores da condecoração pressionam a Fundação Nobel para que desinvista dos combustíveis fósseis seus fundos de doações, cujo valor chega a US$ 420 milhões. Eles defendem que a instituição “não deveria lucrar com a destruição do clima de nosso planeta”.

Entre os 14 laureados que assinam a carta estão cientistas renomados como o químico atmosférico Paul Josef Crutzen, o físico David Wineland e o biólogo Sir John Sulston, e vários vencedores do prestigioso Nobel da Paz, inclusive a ativista iraniana pelos direitos humanos Shirin Ebadi, a iemenita defensora dos direitos das mulheres Tawakkol Karman e o ativista argentino pelos direitos humanos e pela paz Adolfo Pérez Esquivel. A carta também foi assinada por cientistas famosos, participantes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), também vencedor do Nobel.[1]

“Em seu testamento, Alfred Nobel escreveu que os prêmios deveriam ser entregues a pessoas que ‘tenham proporcionado os maiores benefícios para a humanidade’. Como laureados e cientistas alinhados com as últimas palavras de Alfred Nobel, nossa expectativa é que a Fundação Nobel também aja pelo bem da humanidade e seus interesses, o que inclui cuidar da saúde do planeta do qual todos nós dependemos”, diz a carta.

O grupo ativista de Estocolmo Divest Nobel,que deu início ao pedido para que a Fundação Nobel corte seus vínculos com a indústria dos combustíveis fósseis, está organizando eventos próximos à cerimônia de entrega dos prêmios Nobel deste ano, neste domingo, em Estocolmo, como forma de manter a pressão.

A carta é feita uma semana antes da divulgação pela Divest-Invest Network do seu terceiro relatório anual sobre o andamento do movimento pelo desinvestimento. O relatório avalia o crescimento e o impacto do movimento ao longo do ano anterior, destacando novos compromissos de desinvestimento e revelando os números mais recentes tanto em relação a esses compromissos quanto aos ativos sob gestão já desinvestidos.[2]

Até agora, mais de 600 instituições já se comprometeram a parar de investir em empresas da indústria de combustíveis fósseis. Entre elas estão cidades como Oslo, Paris, Berlim, Seattle e Melbourne, instituições de ensino e acadêmicas incluindo mais de um quarto das universidades do Reino Unido, as Academias de Ciências da Austrália e da Califórnia, centenas de instituições e fundações religiosas. O objetivo da campanha de desinvestimento Fossil Free é enfraquecer a influência política da indústria dos combustíveis fósseis, acabando com a aceitação pública dos principais causadores das mudanças climáticas.

(#Envolverde)