ODS 13

Como se envolver de vez na luta pelo clima?

O professor, pesquisador e jornalista Edson Capoano vai escrever todas as semanas na Envolverde, com um olhar técnico e crítico sobre a cobertura de temas ambientais e de clima.

Como se envolver de vez na luta pelo clima?

por Edson Capoano, pesquisador e professor da ESPM-SP

Este ano tem sido o ponto de virada na percepção das mudanças climáticas no Brasil. A incidência de eventos extremos se estendeu das franjas do país para todo o território nacional. A imagem do urso polar ilhado em uma placa de gelo foi atualizada para a de um cavalo que ficou preso em um teto de casa no Rio Grande do Sul, em maio deste ano. É um cenário difícil para negacionistas, com tantas evidências das alterações no clima.

Mas tampouco está fácil para quem percebe que algo está fora do normal e tem sofrido não só com os efeitos objetivos dos eventos extremos, mas também atordoado com a crise climática atual e com medo das perspectivas pessimistas sobre o futuro.

Como resistir diante de tantas notícias ruins sobre o meio ambiente e manter-se ligado ao debate climático? As propostas a seguir sugerem formas de manter-se envolvido com o tema, nem tão agudamente a ponto de paralisar-nos, nem tão pouco para que as coisas continuem como estão:

Manter a atenção às mudanças do clima sempre

É natural que, caso haja abrandamento da seca, retorno da chuva e diminuição das queimadas, estaremos propensos a relaxar um pouco diante do que estamos vivendo. No entanto, conhecer e combater as causas das mudanças climáticas de forma regular é mais útil que desesperar-se.

Perceber como o fenômeno se integra em várias esferas da vida cotidiana. As coisas corriqueiras vão sofrer influência das mudanças climáticas, como o preço dos alimentos ou a forma de cuidar da saúde. Nesse contexto, adaptar nossas rotinas pode contribuir para a ação climática e melhorar a qualidade de nossas vidas.

Apoiar-se em produtores de informação confiável. Diante de tantas incertezas, buscar fontes profissionais é fundamental. O jornalismo especializado em meio ambiente, veículos de comunicação com repórteres treinados, além da comunicação científica de organizações ambientais respeitadas, servem de bússola em meio a tantas informações difusas.

Elevar o grau de ética pessoal e coletiva. Além de fazer a nossa parte para combater as mudanças climáticas, é necessário estender nossa cobrança às empresas cujos produtos consumimos e aos empregos e atividades profissionais que realizamos, em nossas comunidades religiosas e culturais.

Aprender com os erros do passado e superá-los com soluções replicáveis. O jornalismo de soluções oferece histórias com pessoas de verdade, que encaram o problema climático de frente e trabalham com formas às quais podemos nos inspirar e repetir. A esperança também floresce com trabalho bem feito.

Este texto não é para convencer ninguém da existência das mudanças climáticas. O desafio está posto para nós, para nossos filhos e netos. A decisão está em como envolver-se de uma vez por todas nessa luta.

Edson Capoano  Doutor em Ciências pelo PROLAM-USP, Mestre e jornalista pela PUC-SP. Trabalhou na TV Cultura de São Paulo e na agência de notícias EFE, em São Paulo e em Madri. Organizador e autor de livros e artigos científicos sobre comunicação e jornalismo. Pesquisador sobre como jovens se envolvem com notícias climáticas. Atual professor da ESPM-SP, onde ministra a disciplina “Jornalismo e as Mudanças Climáticas”.

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