Por Redação da Envolverde –
A Índia acaba de ultrapassar o patamar de 50GW de capacidade instalada de energias renováveis (excluindo hidrelétricas) e deve continuar investindo forte na solar porque seus preços estão baixando. As ofertas iniciais para o primeiro grande leilão solar de 2017 mostram um recorde de baixa: US$ 53.50/MWh, 16% menor em relação ao ano anterior, em comparação com o recorde de baixa oferta de US$ 63.80/MWh.
O projeto de Plano Nacional de Eletricidade da Índia, lançado em dezembro de 2016, prevê expandir em cinco vezes a capacidade gerada por energias renováveis para 258GW até 2027. Isso reduziria a atual participação de 66% das térmicas na geração de energia na Índia para 43%, fazendo com que a meta do ministro indiano de Energia, Piyush Goyal, de acabar com as importações de carvão seja praticamente uma certeza.
“A meta de expansão das energias renováveis na Índia ficou substancialmente mais acessível para ser alcançada”, disse Tim Buckley, diretor de Estudos de Finanças de Energia do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA). “Os custos por unidade de energia estão caindo. Esses preços são comercialmente viáveis e provavelmente serão reduzidos novamente em 2018, e novamente em 2019, já que os custos da energia solar continuam a cair globalmente em 10% ao ano”, prevê.
Os fatores que estão favorecendo a queda no custo da eletricidade solar na Índia são muitos. Em primeiro lugar, os preços do módulo solar caíram 30% em relação a 2016. Em segundo lugar, o Reserve Bank of India fez uma sucessão de cortes nas taxas desde 2015, uma vez que a inflação caiu quase pela metade após a eleição de 2014 do primeiro-ministro Modi. Isto causou a queda no custo dos financiamentos. Em terceiro lugar, a taxa de câmbio da Índia se estabilizou, permitindo que os custos dos módulos em dólar gerem um valor menor em rupias. Em quarto lugar, o acesso ao capital global para projetos de infra-estrutura renovável na Índia está se expandindo rapidamente. Em quinto lugar, os instaladores indianos estão aprendendo com a prática e agora estão instalando os maiores projetos solares do mundo, como o projeto Adani de 648MW, usando as mais recentes tecnologias. Um sexto fator é que a proposta solar é apoiada pela Corporação de Energia Solar da Índia (SECI), uma entidade do governo central que fornece uma contraparte inteiramente bancável, contornando as utilidades públicas não-bancáveis (DISCOMs). O sétimo fator é que a proposta permite que a tarifa inicial tenha uma proteção de inflação parcial por meio da indexação.
“Por trás de tudo isso está a visão clara do ministro da Energia Piyush Goyal. A política energética da Índia deu transparência, longevidade e certeza para o setor solar”, comemora Buckley.
As necessidades de investimento do setor elétrico indiano na próxima década estão se aproximando de US$ 1 trilhão – uma oportunidade de investimento suficientemente grande para chamar a atenção das grandes multinacionais que historicamente negligenciaram os 1,3 bilhões de pessoas na Índia e a taxa de crescimento econômico anual de 7%. O primeiro grande leilão de energia solar na Índia atraiu ofertas de conglomerados de energia da Índia (por exemplo, o grupo Adani, Aditya, Hero, em parceria com a Foxconn de Taiwan), as principais empresas de serviços públicos globais (ENEL da Itália, GDF da França) e também as empresas especializadas em energias renováveis indianas (ReNew Power) apoiadas por financiadores globais (ADB, Goldman Sachs e JICA do Japão).
A Autoridade Central de Eletricidade da Índia (CEA) divulgou seu Projeto de Plano Nacional de Eletricidade em dezembro de 2016 e a conclusão clara foi que a Índia não precisava construir nenhuma nova usina de carvão na próxima década até 2027. Esta conclusão foi reforçada com o recente relato do CEA de que a média da taxa de utilização das usinas termelétricas nos nove meses até dezembro de 2016 caiu para uma baixa decrescente de 59,6%. (#Envolverde)
* Com informações da Agência Aviv de Comunicação.