Por Juliana Zellauy Feres* e Ricardo F. Oliani –
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) até 2030 a economia verde pode empregar até 24 milhões de postos de trabalho conforme aponta seu novo relatório “World Employment and Social Outlook 2018: Greening with Jobs”. Apenas para o desenvolvimento da Economia Circular, 6 milhões de empregos podem ser criados, incluindo atividades relacionadas à reciclagem, reparos, aluguel e remanufatura, que substituirão o modelo econômico tradicional de “extração, fabricação, uso e disposição”.
Impulsionados pelo cenário atual de recursos naturais cada vez mais escassos, regulação ambiental com restrição crescente, maior consciência da população mundial e procura por serviços e produtos que causem um impacto positivo nas comunidades e no ambiente, realmente os “empregos verdes” vieram para ficar. Neste sentido, são necessárias medidas que capacitem os trabalhadores nestas novas profissões e fomentem as habilidades necessárias na transição para uma economia sustentável.
Mas quais seriam estas novas profissões?
Algumas ocupações relacionadas ao desenvolvimento sustentável já existem, tais como: recicladores, planejadores urbanos, hidrologistas, técnicos florestais, profissionais de energias renováveis (biosmassa, eólica, solar, geotérmica e proveniente das marés), entre outras. No entanto, algumas delas que hoje podem nos parecer estranhas, serão cada vez mais comuns em um futuro próximo. Conheça aqui 10 delas:
- Designers de Produtos Biomiméticos – Impulsionado pela demanda de produtos cada vez mais eficientes energeticamente, que demandem menor quantidade de matéria-prima e que retornem ao ciclo produtivo sem gerar resíduos, este designer irá desenhar produtos baseados na Biomimética, estudo que procura aprender com a Natureza, suas estratégias e soluções para que sejam mais sustentáveis. Adicionalmente, poderá projetar também soluções que não só tenham uma pegada ambiental menor, mas que causem impactos positivos no meio ambiente, como por exemplo, prédios revestidos com florestas verticais que capturam o CO2 (dióxido de carbono) já existentes em cidades da China, México e em Dubai.
- Agricultor Urbano – Apesar de ser uma das ocupações mais antigas do mundo, existe uma forte tendência dos agricultores urbanos serem cada vez mais comuns nas cidades do mundo inteiro. É sua a responsabilidade de fornecer comida e outros recursos agrícolas localmente às comunidades fomentando a economia local, gerando menor impacto ambiental e contribuindo para minimizar a emissão de gases de efeito estufa pela redução do transporte e uso de químicos para prolongar a vida útil dos alimentos.
- Mecânicos de Carros Alternativos – Sejam automóveis movidos à hidrogênio, eletricidade ou híbridos, seja o transporte feito de forma individual, compartilhada ou autônoma, os mecânicos do futuro precisarão manter-se sempre atualizados em relação às novas tecnologias para saber como repará-las não apenas em caso de falhas, mas também atuando de forma preventiva.
- Gestor de Mudanças Climáticas – Devido à intensificação das mudanças climáticas, este profissional irá não apenas simular por meio de software avançados as consequências para determinada região, como promover as adaptações necessárias para mitigar os seus impactos para empresas, governo e comunidade local.
- Cientista Alimentar – Usando células-tronco do tecido muscular de uma vaca, os cientistas conseguiram desenvolver carne cultivada em laboratório, que em breve estará disponível em restaurantes e lojas de todo o mundo. Os benefícios do desenvolvimento de carne como esta incluem a redução de grandes quantidades de emissão de gases de efeito estufa e dos impactos locais causados pelo transporte e produção intensiva de gado. Mais do que isso, este trabalhador irá desenvolver alimentos que gerem menor impacto ambiental, como originados de proteína de insetos, algas, além de, mais futuramente, produzidos localmente por meio de impressão 3D.
- Analista de Ciclo de Vida – Profissão que nasceu da necessidade de se mapear e medir os impactos ambientais dos produtos e serviços em todas as etapas – desde a extração da matéria-prima à disposição final ou retorno ao processo produtivo. Apoiado por metodologias e softwares específicos, este profissional é responsável por medir, rastrear e propor soluções mais sustentáveis que tornem o processo mais eficiente, ambientalmente correto e socialmente justo trabalhando em prol da Economia Circular.
- Minerador de Aterros – Com os recursos planetários cada vez mais escassos, em breve será mais barato, inteligente e necessário “minerar” recursos provenientes de antigos aterros sanitários, desde plástico até metais, o que também contribuirá para a “limpeza” da área. Este profissional irá promover a extração e realizar a gestão dos materiais para garantir a viabilidade e retorno financeiro proveniente da venda dos recursos retirados destas áreas.
- Técnico em Automação Predial – De acordo com levantamento recente do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAI) sobre a Indústria 4.0 esta é uma das profissões a serem criadas nos próximos 10 anos na área da Construção Civil. Sistema de automação predial é um conjunto integrado de diversas ferramentas tecnológicas tais como softwares, computadores e instrumentos controladores. O Técnico em Automação Predial será capaz de aperfeiçoar funcionalidades como segurança, energia, conforto, manutenção e flexibilidade de uso dos edifícios de maneira a gerar maior economia, bem-estar e eficiência. Sua atuação trará benefícios como: uma significativa redução do consumo de energia e emissões de CO2, maior controle de maquinários (prevenindo falhas e tornando sua manutenção mais ágil), e prolongamento da vida útil dos equipamentos.
- Coordenador de Logística Reversa – Com o advento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei 12.305 de 2010), além de uma maior consciência ambiental da sociedade em geral, o Coordenador de Logística Reversa será responsável pelo fechamento de ciclo dos produtos após o seu uso pelos consumidores. Desde embalagens de perecíveis, cuidados pessoais, produtos químicos até eletrodomésticos e automóveis, este profissional garantirá que o que foi produzido pela sua empresa não se torne resíduo e sim matéria-prima para outros processos produtivos, seja na sua própria indústria ou em outra.
- Coordenador de Big Data para o Desenvolvimento Sustentável – Considerando que atualmente a quantidade de informações, indicadores e dados sobre sustentabilidade é tão extensa, fica difícil não apenas acompanhar sua evolução de forma isolada, como é impossível unificar, cruzar e analisar suas complexas inter-relações. Este profissional seria responsável então por analisar esta grande quantidade de dados gerados por estudos, relatórios, pesquisas e equipamentos com sensores, para analisar o contexto maior e orientar tomadas de decisão estratégicas. Esta função certamente contribuirá para a atuação precisa em questões multifacetadas como a gestão das mudanças climáticas, o gerenciamento de resíduos encontrados em rios e oceanos e a proteção da biodiversidade.
Note que, por se tratar de temas tão abrangentes e complexos, o profissional interessado em trabalhar pelo desenvolvimento sustentável pode vir de áreas tão diversas como engenharia, biologia, pedagogia, psicologia, comunicação, direito, química, medicina, entre outras. O requisito mínimo aqui é manter-se atualizado, visto que, por ser uma área de conhecimento relativamente nova, os aprendizados são constantes e evoluem dia-a-dia.
*Por Juliana Zellauy Feres com a contribuição essencial de Ricardo F. Oliani.
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