Desde que assinou o Acordo de Paris em 2014, o Brasil comprometeu-se a reduzir, até 2030, 43% de sua taxa de emissão de gases de efeito estufa e a recuperar 12 milhões de hectares de florestas desmatadas. A conta para atingir esta meta é estimada em chegar a R$ 52 bilhões e representa uma grande oportunidade para desenvolver uma nova economia na qual a moeda são os títulos verdes, os chamados green bonds.
Com características similares aos títulos de dívidas de longo prazo convencionais, os green bonds– cujos rendimentos são compatíveis com títulos tradicionais do mercado – só podem ser usados para financiar projetos sustentáveis como, por exemplo, recuperação florestal, desenvolvimento de serviços ecossistêmicos, procedimentos de responsabilidade socioambiental na cadeia de valor e manejo sustentável.
De acordo com a Climate Bonds Initiative, organização inglesa sem fins lucrativos, o potencial de movimentação econômica no mundo por meio dos green bonds, em médio prazo, é de R$ 100 trilhões. A demanda por estes títulos é sempre maior do que a oferta e, em 2016, foram emitidos US$ 81 bilhões. Este ano a previsão é de que sejam emitidos US$ 150 bilhões. No Brasil, onde pelo menos cinco empresas já optaram por esta forma de financiamento, (quadro abaixo) a previsão é que os títulos verdes, em 2017, movimentem cerca de R$ 16 bilhões.
“É necessário esforço conjunto da parte dos governos, regulamentando atividades, impondo leis e sanções, e da iniciativa privada, gerando emprego. Recuperar e manter uma floresta em pé é uma das ações de sequestro de carbono que atuam de forma positiva na tentativa de amenizar as alterações climáticas” afirma Cláudio Boechat, consultor e professor da Fundação Dom Cabral, que vê na reestruturação florestal um negócio capaz de gerar tantas atividades como a indústria automobilística.
No 10 º Sustentar, dia 29 de agosto, realizado na sede da FDC, Claudio Boechat vai falar sobre Financiamento Climático: o valor e o preço do carbono e do clima, green bonds e potencial florestal. Na mesma mesa, participará Elcio Ito, diretor da BRF, empresa pioneira no Brasil em emissões de green bonds em euros, com captação de títulos de dívidas voltados à sustentabilidade de € 500 milhões.