Homens brancos do 1% mais rico têm mais renda que todas as mulheres negras do país

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Atualizado em 14/12/2021 às 09:12, por Redação Envolverde.

Por Cristiane Sampaio do Brasil de Fato – 

Pesquisadores da USP investigam recorte racial e observam que sete em cada 10 brasileiros mais pobres são negros

Em estudo que avalia a renda dos brasileiros sob um recorte racial e de gênero, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram mais uma estatística entre aquelas que expõem  o quadro da desigualdade  no país: 705 mil homens brancos que integram o grupo do 1% mais rico da população detêm 15,3% da renda nacional.

O percentual significa um montante maior que o de todas as brasileiras negras adultas juntas, que compõem 14,3% da renda.

Os dados estão expostos no levantamento intitulado  Quanto fica com as mulheres negras? Uma análise da distribuição de renda no Brasil , realizado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia  das Desigualdades (Made),  ligado à Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP.

O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Ana Bottega, Isabela Bouza, Matias Cardomingo, Luiza Nassif Pires e Fernanda Peron Pereira.

Para tecer as análises, o grupo associou informações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (POF-IBGE) e do Sistema das Contas Nacionais, também do IBGE.

Entre outras coisas, o levantamento mostra que a renda média mensal  dos homens brancos  que integram o 1% mais rico da população é de R$ 114.944,50, enquanto entre as mulheres negras o indicador registra renda de R$ 1.691,45.

Este último grupo representa 26% da população adulta do Brasil. Já os homens brancos que estão entre os mais abastados ocupam 0,56% do contingente nacional.

A concentração de renda identificada pelos pesquisadores também está expressa em outros números. O estudo mostra, por exemplo, que os 10% mais ricos da população em geral respondem por 54% da renda nacional, enquanto o 1% mais rico da pirâmide social brasileira abocanha 24,6% da renda total.

Já o grupo do 0,1% mais abastado do país representa 12,2%, o correspondente a quase um oitavo da renda.

No estudo, os pesquisadores lembram que a adoção  de uma agenda antirracista  tem sido demandada como prioridade na concepção de políticas públicas no Brasil e no mundo.

Eles destacam que essa tendência “reflete movimentos da sociedade civil, das organizações políticas e da máquina pública voltados a discutir e superar o racismo fundante”.

“Como parte desse movimento, novos dados permitem calibrar e compreender a relevância da construção de uma institucionalidade antirracista, que leve esses elementos em consideração da arrecadação até o gasto”, encerram, ao mencionar a importância do levantamento do Made.

Edição: Leandro Melito

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